tag:blogger.com,1999:blog-37763573118894327572024-02-20T16:01:35.974-03:00Replantio de OutonoEly Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.comBlogger139125tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-18068726340099590992014-04-20T21:04:00.001-03:002014-04-20T21:04:52.913-03:00DESMITIFICAÇÃO E / OU A INOCÊNCIA PERDIDA<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">DESMITIFICAÇÃO E / OU
A INOCÊNCIA PERDIDA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 177.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 177.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">A pedidos, publico novamente esse<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 177.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">texto, em homenagem a 21 de abril.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Sempre me foi doloroso quando algum iconoclasta destruiu
um mito que me encantou na infância ou na adolescência.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Mineira, eu amava a figura de Tiradentes, com as barbas e
os cabelos longos, a corda grossa no pescoço, o ar de homem bom, que lembrava
muito o Cristo. Ele era meu herói, o líder da Inconfidência Mineira, o homem
que lutou pela liberdade do Brasil, contra o jugo português. Vibrava com sua
valentia, quase a ponto de sair de peito aberto a gritar com entusiasmo:
“Libertas quae sera tamen”! Em uma aula
trágica de História, no Colegial, o professor destruiu meu herói. Morreu sim,
foi esquartejado, salgaram sua casa para que nada mais ali vingasse, mas ele
era o mais pobre, o menos importante do movimento dos Inconfidentes. Como matar
um Cláudio Manuel da Costa, ou o fidalgo imponente Tomás Antônio Gonzaga? Na
Faculdade foi pior. Teses de pós-graduação punham em dúvida, mesmo sua morte
trágica. Ele teria fugido para a África e escapado do castigo execrável.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Decepcionada, infeliz, detestei a nova realidade. Depois
foi durante uma visita às Cidades Históricas de Minas. A certa altura, o
professor de Literatura Brasileira, que fazia o tour conosco, disse: “Daquela
janela, Marília namorava o seu Dirceu, que residia logo acima...”. Todos os
versos, as liras do livro “Marília de Dirceu” vieram-me à cabeça, a doçura, a
pureza do grande amor dos dois personagens
famosos. E o professor completou: “Marília, cujo nome, na verdade, era
Maria Dorotéia, não amava Dirceu. Hoje ela seria chamada de “carreirista”, uma
jovem quase adolescente, muito ambiciosa, atraída pela fortuna, fidalguia e
pelo status de Gonzaga, o elegante português quarentão”. O professor tripudiou
sobre minha tristeza. O nosso Dirceu também não a amava tanto assim. Logo que o
movimento libertário foi descoberto pelos portugueses, o poeta escafedeu-se
para a África, casou-se com mulher rica e analfabeta... <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">A vida desbotou, ficou mais feia, víboras da dúvida
picaram-me o coração, envenenando-o. Com certeza, Romeu e Julieta não morreram
jovens, pelo seu amor impossível, Abelardo não foi castrado, Heloísa nunca
entrou para o convento. D. Pedro arrancou mesmo leoninamente os corações dos
assassinos de sua adorada Inês de Castro, a que depois de morta foi rainha? Dante
amou a vida toda sua Beatriz, vista de relance em uma janela? Não morreu Fedra
de amor, pelo seu Hipólito? Orfeu desceu aos infernos e resgatou Eurídice da
morte?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Um mar de dúvidas. Tudo ficção. Lições falsas de beleza
para que se engula a realidade insulsa, insípida, tediosa. Uma lástima. Um
pesadelo.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">De repente, a incerteza virou a maldita Hidra de Lerna,
com suas cabeças hiantes. E o Cristo? Quantas versões surgirão ainda sobre a
figura amada, tão carismática? Alicerçando-se nessa hipótese, escritores
modernos têm publicado best-sellers com versões esdrúxulas sobre o chamado
Messias.<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Infeliz, com a alma cabisbaixa, argumentei com meus
botões: Não seremos nós mitos, heróis da ficção de Deus? E quando o Diabo nos
desmascarar, com sua sarcástica lucidez? O que sobrará da magnífica Criação? <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-267797610932836282014-04-15T09:50:00.001-03:002014-04-15T09:50:21.117-03:00MINIPOEMAS<div class="MsoNormal">
<b><span style="background: white; color: #37404e; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MINIPOEMAS</span></b><b><span style="color: #37404e; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />
<span style="background: white;">I</span><br />
<br />
<span style="background: white;">Pedi à terra que me
trouxesse você</span><br />
<span style="background: white;">Implorei aos
pássaros, mensagens mil</span><br />
<span style="background: white;">O fogo foi o
inimigo mais vil</span><br />
<span style="background: white;">É proibido amar
semideuses.</span><br />
<br />
<span style="background: white;">II</span><br />
<span style="background: white;">Surjo dos cinzentos
da vida<br />
<span class="textexposedshow">enfeitada / mordida / presa</span><br />
<span class="textexposedshow">por estranhas serpentes</span><br />
<span class="textexposedshow">que nascem em mim</span><br />
<span class="textexposedshow">em mim fazem ninho</span><br />
<span class="textexposedshow">e destruição.</span><br />
<br />
<span class="textexposedshow">III</span><br />
<span class="textexposedshow">Prometeu sem seu fígado</span><br />
<span class="textexposedshow">seria criatura comum</span><br />
<span class="textexposedshow">e não semideus.</span><br />
<span class="textexposedshow">por isso ele deve amar sua águia</span><br />
<span class="textexposedshow">até mesmo a dura rocha</span><br />
<span class="textexposedshow">onde vive seu castigo eterno.</span></span></span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-81410620262311466002014-04-06T18:45:00.001-03:002014-04-06T18:45:18.752-03:00MEUS OITO ANOS<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">MEUS
OITO ANOS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"> </span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sempre
me fascinaram as diferenças de opções, gosto e maneiras de ser dos seres
humanos. Isso enriquece a vida, dá mais sabor. Por isso, citemos a famosa frase
francesa: Vive la différence!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> O título acima, no entanto, não fala
dos versos de Casimiro de Abreu, poeta romântico, de um lirismo leve, de
adolescente. É um poema famoso, recordando sua infância, “os tempos que não
voltam mais”... Um dia desses, assim, não mais que de repente, pus-me a fazer
um balanço de quando, em minha vida, fui mais feliz e o porquê. O resultado da
pesquisa pessoal e muito íntima, surpreendeu-me.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Não foram os primeiros anos, na peq uena cidade mineira onde nasci, nem a
adolescência e mocidade, em Ribeirão Preto, os quatro anos de Faculdade, em
Belo Horizonte, os passeios por todo o Brasil, com meus colegas universitários,
um ano morando em Paris e depois, quando fazia inúmeras viagens em toda a
Europa. Por que a certeza de que aos oito anos, em um ano apenas, quando vivi
em uma fazenda no Morro do Ferro, tudo me encanta até hoje?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Como para se olhar uma pintura, um
quadro, tem-se que fazer um afastamento, para ver as minúcias, os pequenos
detalhes, distancio-me dessa idade, focalizando-a. A menina que contemplo não
tem nada a ver com a mulher de hoje. Os cabelos lisos, quase loiros, de um
castanho muito claro, vão soltos, até a cintura. Usa às vezes calças compridas,
ou vestidos folgados, que não atrapalham os movimentos. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Levanta-se muito cedo, antes de clarear
o dia, para ver a mãe trançar massas de rosquinhas, sobre as quais, antes de
irem ao forno, ela as pincela com gema de ovo. São para vender no armazém de
seu pai, ali perto; ela faz também queijos macios, cheirosos, muito brancos, em
formas altas, com o leite das vacas da
fazenda. Depois, a menina sai correndo, para se encontrar com os amigos, uma penca
deles, filhos do empregado. Tudo é alegria e surpresas inesperadas, nos
passeios pela redondeza, pulando o riacho lá no fundo, correndo, fazendo
traquinagens. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Na hora do almoço, o ritual era sempre
o mesmo: enchia o prato com arroz, macarrão, batata e frango e ia trocá-lo com
os meninos do empregado. No deles, o arroz e feijão atraiam e era bom comer com
eles, depois da negociata. Analiso-me. Nunca mais senti uma amizade tão sincera.
Desconhecíamos a falsidade, a maledicência, a intriga. Era um sentimento sincero e fraterno que nos unia.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> À
tarde, não era tão divertido: frequentava-se a escolinha rural, com o professor
Sancré, muito velho e distraído. Éramos
umas vinte crianças. Para ir “ao banheiro”, eufemismo da casinha de madeira, ao
lado da escola, com um caixão sobre a fossa e um buraco no meio, onde se
sentava, havia um ritual. Para obter licença “de ir lá fora”, pedia-se ao
professor e virava a folhinha na parede. Três ou quatro de nós tripudiávamos
com a senha e ficávamos mais de meia hora, brincando na redondeza.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Eu ganhara uma eguinha castanha, de
crinas aloiradas. À tarde, eu montava-a em pelo, sem arreios e corria pelos
pastos, cabelos soltos ao vento, com meus dois cães queridos, Bonifácio e
Negrinha, correndo atrás, barulhentos,
latindo de alegria. Em que tempo longínquo, no passado, onde está aquela menina
ingênua, que não conhecia perdas, mortes, os alçapões da vida?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Entendi então, por que nos
meus oito anos eu era intensamente feliz, um sentimento puro, céu sem nuvens: inocência diante do futuro, do amadurecimento,
das obrigações, das decepções e dores–porque amadurecer dói; e principalmente uma sensação
de euforia, da grande liberdade<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">que
fazia minha alma criar asas... <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-51061797725978616622014-03-30T19:30:00.001-03:002014-03-30T19:30:51.823-03:00LIVROS & VIDA<div class="MsoNormal" style="margin-left: 106.2pt; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">LIVROS & VIDA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Os
livros têm vida própria e biografia. Muitos escritores já tiveram a
experiência: surge um projeto de conto ou romance, ele cresce, vai tomando
forma e muitas vezes ele pega as rédeas como se tivesse vida e acaba por ser
independente, tendo pouco do plano inicial. A sensação é esta: o escritor é
levado pelo texto, torna-se instrumento de suas leis e verossimilhança
ficcional.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Já se comentou que a ficção não é
fantasia, mas recriação da realidade. O chamado real é matéria da ficção,
alicerce, alimento. Dá-se então um círculo vicioso fatídico: a ficção copia a
vida e após, esta realidade influencia a sociedade. Nos “reality shows” tão em
moda e de qualidade discutível, o processo se complica. Cria-se uma falsa
realidade imitando a vida e os telespectadores identificam-se com a ficção,
como se ela fora real. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Na literatura também há mistérios
indevassáveis. Livros rejeitados em concursos literários escusos tornam-se
obras famosas. O episódio mais pitoresco deu-se com Sagarana, de Guimarães
Rosa. O Mago de Cordisburgo, ao terminar seu livro Sagarana, hoje famosíssimo,
entrou para um concurso <st1:personname productid="em cuja Banca" w:st="on">em
cuja Banca</st1:personname> estava o nosso Graciliano Ramos.
Inacreditavelmente, o premiado foi Luís Jardim, escritor medíocre que o tempo
engoliu. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Há outros acontecimentos sem
explicação lúcida ou lógica. Humberto de Campos gozava grande popularidade e pertenceu
à Academia Brasileira de Letras. Lembro-me de que um de seus livros mais lidos,
“Sombras que Sofrem” (1934, ano de sua morte), encantou gerações. De repente
não se leu mais Humberto de Campos, que foi posto em um injusto e bizarro
ostracismo literário. Como? Por quê?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Outro caso insólito, na literatura brasileira, deu-se com o
escritor José Mauro de Vasconcelos (1920 / 1984). Nasceu em Bangu, bairro do
Rio, foi um dos escritores mais lidos no exterior. Com uma biografia insólita,
cheia de peripécias inacreditáveis, ganhou fama como escritor, principalmente
com Rosinha, Minha Canoa, livro utilizado em curso de Português, na Sorbonne, <st1:personname productid="em Paris. Meu P←" w:st="on"><st1:personname productid="em Paris. Meu" w:st="on">em Paris. Meu</st1:personname> Pé</st1:personname> de Laranja Lima
(1968) foi adaptado pela antiga Tupi e pela Globo, como novela televisiva e
também levado ao cinema. De um estilo simples e sensível, foi lido em muitas
línguas, com enorme sucesso. Por que não se lê mais José Mauro de Vasconcelos? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Outros casos estranhos continuam. O romance João Ternura,
de Aníbal Machado foi considerado excelente pela crítica literária da época.
Como diz Luiza Vilma Pires Vale, é a história de um homem e o Rio de Janeiro: o
homem perdido da / na Cidade. Com uma trama sempre atual, ela mostra a falta de
adaptação da personagem central e o modo de vida da grande metrópole. O
protagonista não consegue integrar-se no cotidiano da cidade, sente-se um
estrangeiro. Há uma forte influência sartreana na obra. O autor levou duas
décadas escrevendo o livro, que ficou no limbo muitos anos. Após, obteve
sucesso. Mas a pergunta se repete: Quem <st1:personname productid="l↑ Jo ̄o Ternura" w:st="on"><st1:personname productid="l↑ Jo ̄o" w:st="on">lê João</st1:personname> Ternura</st1:personname> hoje? <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Assim,
no mundo literário esses mistérios continuarão para sempre como enigmas
inextricáveis. Há outros que se pode até
tentar uma explicação plausível. Como os seres humanos, os livros têm suas
lutas, com ascensões e quedas. Entende-se, por exemplo, que o romance Ulysses,
de James Joyce, ou Nove, Novena, de Osman Lins, tenham hoje poucos leitores. É
devido, em parte, por sua extrema complexidade. Ora, reina no século XXI a
banalização, homens e mulheres são reféns de uma preguiça mental arraigada, é a
era do superficial, do fácil, do atraente, do óbvio, do rápido, do fast-food literário. <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-26410067302521745902014-03-23T18:48:00.001-03:002014-03-23T18:48:58.854-03:00 VISITA INESPERADA<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> VISITA INESPERADA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> O homem procura a felicidade com obsessão. Talvez ela não
exista, ou esse pobre macaco glabro erre nas opções. Vicente de Carvalho
eternizou a problemática, quando diz: “Essa felicidade que supomos, / árvore
milagrosa a que sonhamos / Toda arreada de dourados pomos, / Existe, sim, mas
nós não a alcançamos / Porque está sempre apenas onde a pomos / E nunca a pomos
onde nós estamos.”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Muitos incautos pensam em encontrá-la em coisas materiais, como
dinheiro, bens, ou na fama, no poder. Tudo é efêmero e traz, no final, o
ressaibo do tédio e da desilusão. Não é apenas na sede de poder, mas em todas
as ambições, é preciso lembrar sempre que, acima de cada cabeça obcecada há,
perigosamente, uma Espada de Dâmocles. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Ora, a idade madura, às vezes vista como castigo, traz
alguns privilégios e um deles é reconhecer os valores essenciais, ter uma
espécie de feeling para o que realmente é importante na vida. Uma boa opção
talvez, sem exageros, é ser presentista, viver à exaustão, o momento presente.
Admirar a filosofia de Horácio, o Carpe Diem, ver com acuidade, certos frutos
doces e magníficos, como colheita de uma seara lúcida e aureolada de sonhos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Sabe-se que a experiência é ao portador, porém diante de
tanto ceticismo, ouso relatar uma descoberta que talvez possa embelezar um
pouco a complexa vida moderna. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Troquei uma vida de quarenta e sete anos, em apartamento,
sempre por segurança e praticidade e vim para a minha Pasárgada: casa ampla,
com clima mais ameno, muito verde e logo se formará um jardim ainda <st1:personname productid="em projeto. Chego" w:st="on">em projeto. Chego</st1:personname> a
ver as buganvílias de cores variadas enfeitando as cercas frescas de murta;
virão as gérberas, as prímulas, rosas e árvores ornamentais como os ipês, um
flamboyant, as quaresmeiras de roxo vivo, acácias e um gracioso chorão. Ao
redor da piscina muito azul, os coqueiros anões, com sua alegria tropical. A
horta de tenras folhas, o futuro pomar pejado de frutos doces.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Os animais completam a beleza harmônica e transformam o
local em um santuário ecológico: duas cadelas labradoras, cor de chocolate, de
lindos olhos verdes, curiós, cujos cantos são puro violino, com suas femeazinhas
à espera de gala, os beija-flores visitam o pequeno bebedouro de água açucarada,
borboletas várias, de cetim, enfeitam a tarde. Em uma árvore vizinha, quatro
maritacas jovens, ruidosas e um sabiá. Bem-te-vis coloridos saltitam e se
aproximam, em meio a uma enorme variedade de pássaros. Gaviões voam, dando um
toque de mistério e de perigo, enquanto soturnas corujas, estátuas imóveis, filosofam
ao anoitecer. A beleza e a paz alimentam
a alma. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Há pouco tempo, uma visita pitoresca, muito inesperada: um
mico estrela tem vindo comer a banana que deixamos para ele. Domingo de manhã,
na sua galanteza, fez-nos uma visita. O irrequieto amiguinho deve morar nas
matas cerradas, cor de jade, que bordejam o rio, aqui perto. <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Namoramo-nos de longe, eu encantada, ele arisco e
cuidadoso. Pela hora inteira que estivemos juntos, tão próximos, chego a crer
que ele voltará. Deixei-lhe, então, junto às frutas, um recado: “Volte sempre.
A casa é sua”. <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-80257814251986533392014-03-16T15:17:00.001-03:002014-03-16T15:17:02.437-03:00PROPAGANDA & CRIATIVIDADE<div align="center" class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">PROPAGANDA & CRIATIVIDADE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Propaganda sempre me fascinou, desde
que ela seja perspicaz e inteligente. Tive problemas com ela, no passado.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> A primeira vez, eu dava aulas no Cursinho.
Entrei na Sala dos Professores, criticando uma Propaganda de extremo mau gosto sobre
oferta de móveis. Um professor abespinhou-se, atacando-me: “Vejo que você não
entende nada de propaganda!” E continuou explicando que os móveis oferecidos
eram para pessoas de baixa renda. Eu me
rendi e silenciei. Ele devia ter razão. Era o autor da Propaganda...<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Outra vez, chamei a atenção dos alunos
para uma Propaganda, com verdadeiro abuso de símbolos sexuais, ao anunciar
lençóis. Aparecia um casal fazendo sexo; depois a heroína descia do quarto,
para um lanche. Pegava um ovo, quebrava a parte superior e nela surgia a figura
de um hímen rompido. Logo em seguida, ela molhava várias vezes, no orifício do
ovo, uma torrada de forma evidentemente fálica... Os alunos me criticaram. Eu
via coisas demais, inventava...<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Já briguei por causa de uma Propaganda
imbecil, que mostrava pessoas idosas fazendo travessuras, como crianças, ou com
começo de Alzheimer. Mas sejamos positivos. Há Propagandas inteligentes e
criativas, verdadeiras pequenas obras-primas. Quando morei em Paris, antes dos
filmes exibiam, durante duas horas, propagandas muito boas, atraentes, em uma sessão
que se chamava Séance, que atraia
grande público.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Vamos agora para o Facebook, um grande sucesso. Postam, às vezes, versos, poemas, textos, brincadeiras,
com ironia. É um meio de comunicação leve, ameno. Raramente surgem matérias
sérias. O espaço é um oásis no deserto da vida moderna, tão conturbada. Se
assistimos aos jornais televisivos (é preciso estar informado, dizem...)
eles começam sempre com
desastres, mortes, violência, prisões. É raro dar uma notícia boa, positiva.
Muita gente começa a fugir deles. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Voltemos ao
Facebook. Esses dias, alguém postou algo muito inteligente, fazendo a
paráfrase da famosa frase de Descartes:
“Penso, logo existo”. O cartaz dizia: “NÃO PENSO. NÃO EXISTO. SÓ ASSISTO”.
Genial! Haverá uma crítica mais sintética, sábia e ferina contra a alienação,
alimentada pela Televisão, com
seus programas escusos? A assertiva final, com o verbo
assistir, após duas negativas, denuncia uma realidade terrível e perigosa,
expressando em duas palavras, mencionando um
grande problema universal,
efeito “dangerosíssimo”, como diria Drummond, de
um problema atual: a
má qualidade da
Programação da TV, em geral,
quase na sua totalidade,
é a causa
maior (e globalizada!) de um hábito
que robotiza o homem, coisifica-o, o
imbeciliza e aliena. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">É uma denúncia séria, verdadeira e preocupante.
Infelizmente¸ a profilaxia</span></b> <b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">é utópica. Só há
dois antídotos para essa chaga moderna: uma Programação de qualidade e educar
os telespectadores</span></b> <b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">para que tenham</span></b>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">mais bom gosto
e abominem esse fast food
diário, que os alimenta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Sabe-se que mudanças
estruturais e profundas necessitam de homens
corajosos e bem
intencionados, não de quem só
se preocupa com o
Ibope de
uma plateia ingênua,
acomodada, pouco exigente e, aos
poucos, reificada. O
telespectador acaba virando um autômato, coisa, transformando-se em um mero e
pálido simulacro de
um ser humano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="display: none; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-hide: all;"> Há </span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-50241038369104900812014-02-23T18:50:00.002-03:002014-02-23T18:50:17.021-03:00CILADAS DO AMOR<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">CILADAS
DO AMOR</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">O Amor é um sentimento complexo. Só os seres humanos o
conhecem, mas ele sempre surpreende. Cantado em poemas e canções, desde tempos imemoriais,
ele continua fascinando.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">A Lírica de Camões tem poemas sobre o Amor, famosos há séculos
e sempre atuais. Ele diz sobre os paradoxos desse sentimento que atrai
e amedronta: “Tanto do meu estado me
acho incerto, / Que em vivo ardor tremendo estou de frio, / Sem causa justamente choro e rio, / O mundo todo abarco
e nada aperto.” Os Amantes têm tudo e nada, experimentam glória e perdição. Eu
mesma, em um poema, com o título
Antissentimento, tento deslindar esse
sentimento misterioso, onde,
paradoxalmente, afirmo que quem conhece o Amor acaba por experimentar
céus e infernos, perda da paz,
felicidade e medo, alegrias e dúvidas, insegurança. Os Amantes são seres
privilegiados, porém o prêmio que
devera ser alegria, tem
alto preço: “ Só nostalgia, amargura, a dor dos assinalados em
desgraça./ Dos mortos na dúvida,/ <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Sufocamento
sem fim / Porque o epílogo fatal, / Prova sempre, efêmero e falaz, / Que o amante sorve o veneno / Todavia não morre do mal”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Por que introdução tão longa? Afinal,
como diz o título, eu só queria narrar duas histórias verídicas sobre o tema e
em ambas reina o inesperado, uma trama sem autor, intrigante. Vamos aos fatos. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Nosso herói se casara com uma moça inteligente,
séria, sensata, que lhe deu uma bela filha. Mas algo o incomodava: a esposa não
era muito bonita. Mas ele também não.
Depois de alguns anos, começaram a se desentender, veio o divórcio.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Aborrecido, nosso herói prometeu a si
mesmo: quando se casasse de novo, seria com uma mulher bela, linda. Queria
acordar feliz e realizado, olhar ao lado e ver uma deusa de beleza, uma
perfeição. Afinal ele conseguiu encontrar sua eleita. Ela era uma obra-prima da
Natureza.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ora, felicidade tem seu preço. E às
vezes muito alto... A nova esposa gastava muito, em tolices, roupas, sapatos,
perfumes importados, joias. Um poço sem fim. Ele suportava tudo, encantado com
a mulher divinal, belíssima, que dormia com ele, todas as noites. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ela exagerou. Começou a gastar com sua
família, que era numerosa: dentista para os irmãos, Colégio para as irmãs,
planos de saúde para o pai, a mãe e a récua
toda. Ele se desesperou, vendo todo seu dinheiro escorrer-lhe pelos
dedos. Um dia ela o abandonou, deixando uma dívida imensa. Dez anos depois, nossa pobre vítima
arcava ainda com inúmeras prestações, um pesadelo. Nunca mais ele se casou e
não entendeu nunca a cilada do destino, o preço da concretização de seu sonho.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> O segundo caso tem também uma vítima,
uma cilada do Amor. A prima miúda e insossa desfilava pela cidadezinha,
apresentando o belo espanhol que viera da Galícia, para se casar com ela.
Mostrava o moço lindo, magro, alto, de bastos cabelos meio ondulados e uns
inacreditáveis olhos esverdeados, que às vezes eram meio cinzentos.
Apresentou-o a todas as moças, menos para
Lena. Também, ele não iria se interessar por aquela moça alta,
pestanuda, de sobrancelhas cerradas, peitos volumosos e quadris grandes.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Cidade pequena é uma ilha, onde todos
se encontram. A prima apresentou Lena ao jovem espanhol. Olharam-se e o
mistério aconteceu. Ele apanhou uma rosa vermelha
no jardim ao lado, ofereceu a Lena,
dizendo: Uma rosa à mais linda moça da Cidade. Ela corou e aceitou a
prenda. Três meses depois casaram-se na pequena igreja da cidade mineira.<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-91936491625016318872014-02-16T09:31:00.001-03:002014-02-16T09:31:59.946-03:00MISTÈRIOS DA POESIA<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">MISTÈRIOS
DA POESIA</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Um dia desses eu fugi para um mundo lírico, sem malas,
mas com asas e aterrissei na Poesia. A
culpa é do Manoel de Barros, que diz coisas encantadas em seu mundo, só dele.
Sua linguagem, as metáforas, até os neologismos, tudo é passaporte para o
mistério poético.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Por Deus, que homem é este?! Em que mundo vive? Eu já
conhecia a obra Poesia Completa de Manoel de Barros, da Texto Editores Ltda.,
publicada em 2010. Eu já me encantara, até escrevi um texto sobre o alumbramento
em que mergulhei, quando li seus poemas. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Eis que a amiga querida nos presenteou com o livro
Compêndio para Uso dos Pássaros, da mesma Editora, também de 2010. Ali, nas
orelhas, ele, MB, confessa: “ Quando era criança eu deveria pular muro do vizinho
para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia
solidão”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Lendo e relendo essa obra encantada, descobri entre os
poemas, nas páginas 37 e 38, definições de Poesia, algo que muitos poetas já
tentaram. Manoel de Barros diz, no poema Experimentando a Manhã Nos Galos: “...
poesia é / __é como a boca / dos ventos / na harpa / nuvem / a comer na árvore/
vazia que/ desfolha noite / raiz entrando / em orvalhos.../ os silêncios sem
poro / floresta que oculta / quem aparece / como quem fala / desaparece na
boca/ cigarra que estoura o / crepúsculo / que a contém / o beijo dos rios / aberto nos campos / espalmando em álacres / os pássaros / __ e é livre / como
um rumo / nem desconfiado”...<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Li dezenas de vezes o poema, tentei adentrar na semântica daquela inusitada linguagem
figurada e estranhamente, em cada leitura, ricos sentidos se apresentavam, como um lindo móbile, que mudava em cada olhar...
Esse é um dos grandes mistérios da
Poesia. Alguém já disse que, ao criar uma metáfora, o Autor e Deus sabem por
que e como ela foi criada, seu sentido primeiro. Depois de algum tempo, só a
Suprema Sapiência poderá decodificá-la...<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Fiquei obsessiva. Queria outras definições de Poetas
assinalados, esses seres que têm antenas especiais para captar o desconhecido mundo que nos rodeia. Mas por
quem começar? Há tantos eleitos por Euterpe,a Musa da Poesia. Escolhi um
critério. O grande Mário Quintana. Afinal, ele está entre os melhores e, em 2014, vai ser homenageado pela
Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Na Fortuna Crítica
da obra Poesia Completa de Mário Quintana, (Editora Nova Aguilar, primeira
edição, em 2005), vários nomes ilustres da Literatura Brasileira fazem
depoimentos minuciosos, colocando nosso Poeta entre os mais importantes do Brasil. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Abro o livro ao acaso e, na página 197, encontro uma raridade
poética, que me atrai como um ímã: “Um poema como um gole d’água bebido no
escuro. / Como um pobre animal palpitando ferido. / Como pequenina moeda de
prata perdida para sempre na floresta noturna. / Um poema sem outra angústia
que a sua misteriosa condição de poema. / Triste./ Solitário./ Único. / Ferido
de mortal beleza ”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Fechei o livro, inquieta e frustrada. Desisti. Era
procurar pedras preciosas em um tesouro imenso. Só me aquietou um pouco a alma,
pensar que tentar definir Poesia é algo complexo e talvez muito individual. Aí,
um Anjo Torto, que vive não nas sombras, como o do Drummond, mas na luz das
possibilidades, me ciciou brandamente: “Sossega, minha amiga, porque há olhos
que só veem a superfície das coisas.
Outros tentam aprofundar na essência. Poucos possuem raios-x”. Agradeci a lição preciosa e fui cuidar da
vida.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-65696951125220193092014-02-09T20:41:00.002-02:002014-02-09T20:41:50.828-02:00 OS OLHOS DE DEUS<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> </span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">OS OLHOS DE DEUS</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">(Texto inspirado
em uma gravura de Dalí)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Sobre o monte, os
olhos de Deus. Ao longe, o mar. A figura feminina seminua, que se vai, envolta
em rósea nuvem. Os olhos femininos de Deus, atrás dos óculos escuros, sérios. Através
das lentes, montanhas ao longe e em primeiro plano, figuras masculinas?
Contraste da cor ocre da terra e do auriverde do céu, onde nuvens formam
desenhos insólitos. Almas que voam? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> A gravura é a anti-insciência humana. O
homem ou Deus vendo: “Eternidade: os morituros te saúdam”. Os que vão morrer
saúdam a desejada eternidade. Em um átimo, o milagre: “Eternidade: os morituros
te beijaram”. O beijo da vida. Os homens não mais são animais que vão morrer.
Morte, onde está tua vitória?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Outro poema de Drummond: O Deus mal
Informado. “No caminho onde pisou um deus”, que se perde em estradas, faminto
de eternidade, saudoso de existência, “mas a estrada se parte, se milparte, / a
seta não aponta destino algum, e o traço ausente / ao homem torna homem
novamente.”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">O homem é só insciência, derrota, má informação. Culpado
até de não ter culpa, morre todo o tempo “no ensaiar errado / que vai a cada
instante / desensinando a morte”; o homem, o sobremorrente (delicioso
neologismo do Mago de Itabira). O homem, vítima, caça, que sempre foge veloz do
tiro e do caçador.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Drummond vaticina: “Não morres
satisfeito, morres desinformado”, Dalí cria o único caminho da antimorte, o
antídoto contra o veneno maior, a efemeridade. Só há uma maneira de ser eterno:
a Arte. Quando o Artista cria, ele é um deus. De suas mãos demiúrgicas fluem
mundos, em um novo Fiat Lux. Recria.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Sobre o monte avermelhado, resquícios
de vida marinha. Mistério do mar sobre a Terra. Água e terra se unem sob os
olhos de Deus, aguçados e atentos. Os olhos miram um ponto fixo. O que veem os
olhos? Sinédoque de que Criatura? Mistério? Se o Homem é insciência, cegueira,
os olhos são de uma Criatura-não-Homem? E se ele foi criado à imagem e semelhança
de Deus, os olhos são de um AntiDeus? Do Demônio? Daquele que vê? Os olhos de
Dalí. Deus e o Diabo.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> A criatividade dos artistas, dos
pintores, dos poetas me impressiona. Que levedo mais rico recebem na sua massa?
Os assinalados são escolhidos? O talento nasce com os grandes artistas, uma
espécie de perfume aureolando suas almas. O tempo só pode aperfeiçoar a
técnica, o fazer. Fico, então, imaginando a cena: o Todo Poderoso mexendo as
peças do grande jogo de xadrez da vida. Este brilhará. O outro conseguirá
penetrar nos mistérios insondáveis da existência humana. Àquele darei palavras para exprimir o
inefável... O outro terá antenas que poderão captar o imponderável. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ao seu lado, um Anjo que pouco
sabe do Jogo da Criação, interroga-O, abismado: E eles serão
felizes, amados? Deus sorri diante de tanta ingenuidade angélica. Realmente,
seria pedir demais... O pobre Anjo se afasta ensimesmado, perguntando-se:
Então, o dom do talento é prêmio, ou castigo? Não recebe resposta alguma. É
mais um mistério da Onisciência Divina.<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-90639580803227279552014-02-02T19:34:00.000-02:002014-02-02T19:34:23.478-02:00PROCURA-SE<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-size: 16.0pt;">PROCURA-SE</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> </span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Uma
Terra onde o Amor se alastre como planta viçosa e o Ódio jamais possa grassar,
como praga maldita;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 56.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <b>Um Mundo que não seja alimentado por ideologias escusas, onde se
respeitem opiniões contrárias, religiões e filosofias diferentes e que a
liberdade de pensamento seja uma lei pétrea; <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 56.25pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
Universo habitado por seres verdadeiramente humanos, que respeitem a Natureza,
que sejam seus Senhores e não seus carrascos;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 56.25pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
País onde se amem os Homens, as Mulheres, as Crianças, os Animais e todas as criaturas
vivas da Criação Divina;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <b>Um País, cuja Constituição tenha um só Artigo: o direito assegurado a
todo homem de viver íntegra, total e dignamente;<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
Mundo justo e elevado, onde não haja crimes hediondos e injustiças sociais;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
Presidente, messiânico ou não, carismático se possível, todavia um exemplo
concreto de credibilidade; <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
Governador realmente eleito pelo povo e que, após eleito, não se esqueça de todo
seu Programa de Governo e o realize integralmente; <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma
Cidade onde haja um Prefeito competente, aberto, honesto, preocupado com os
problemas prioritários que o cercam e não se perca na realização de projetos
grandiosos e sem sentido;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Senadores,
Deputados e Vereadores que trabalhem para o povo e que ofereçam suas vidas ao
serviço dele;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
lugar para se viver, onde os Profissionais sejam bem formados, ativos,
dinâmicos, sempre atualizados, éticos, visando crescer e servir o povo;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
País livre da corrupção, da violência, da impunidade, do preconceito, dos
sofismas, das falsas promessas, das Drogas; <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
Povo pacífico, sem ser passivo, amante da Paz e da Verdade, cheio de Idealismo,
avesso a mentiras, inimigo da ambição desregrada;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma
Sociedade cônscia, justa, amante das Artes, da Justiça Social e do Bem Comum;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma
Pasárgada, onde os Amantes, sem imposição da lei, de papéis e obrigações de
estado, sejam livres para se amarem a qualquer hora, na grama, sob as árvores,
entre as flores;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma
Imprensa sem censura, só com matérias de primeira qualidade, com leitores
inteligentes, perspicazes e sensíveis;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma
Escola, onde os Alunos sejam o centro, a finalidade primeira, para que eles
cresçam para a vida e só aprendam lições de sabedoria e de amor;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Casa
própria para morar, de preferência térrea, com jardim, muita flor, quintal e
cachorro, sem obrigação de pagar IPTU;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Amizade
verdadeira, fraterna, compreensiva, cheia de amor e despreocupada com o
julgamento dos pobres de espírito;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
Amor eterno, ou pelo menos infinito enquanto dure;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma
vida feliz, repleta só de bons acontecimentos, livre do tédio, das doenças, das
desgraças, como traição, dor no dentista, imposto de renda, velório e missa de 7º dia;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma
morte breve, doce e suave, após uma vida longa, fértil e plena;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um
Sacerdote santo, para ajudar, quando chegar a hora derradeira e resolver todas
as questões da Grande Viagem, inclusive o Passaporte;<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma
fé ardente que creia <st1:personname productid="em um Deus" w:st="on">em um
Deus</st1:personname> onisciente, sábio e bom, que conheça bem sua Criação e
possa perdoar, entender todas as suas carências e fraquezas.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 54.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-58489217806016735902014-01-26T11:48:00.001-02:002014-01-26T11:48:40.858-02:00UM FIO DE ESPERANÇA<div align="center" class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">UM FIO DE ESPERANÇA</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">É comum afirmar que o povo só aprecia o que é de mau
gosto, superficial e vazio. Errado. Três depoimentos talvez possam comprovar o
contrário, que há uma tênue esperança do surgimento de uma nova realidade. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Em janeiro terminou a novela O Cravo e a Rosa, em
reprise, no programa Vale a Pena Ver de Novo, na Globo. Foi um sucesso, como da
primeira vez, com ibope alto. Ora, a obra de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira,
com a colaboração de Duca Rachid, é uma adaptação da comédia de Shakespeare, A
Megera Domada. No texto, várias vezes
dois protagonistas recitam versos de poetas famosos, principalmente do soneto
de Camões: “O Amor é um fogo que arde em se ver; / É dor que dói e não se
sente; / É um contentamento descontente, / É dor que desatina sem doer”. Jamais
um poeta cantou os paradoxos do Amor, como o autor dos Lusíadas, cuja obra
lírica é considerada uma das melhores da Literatura Universal. Sem sombra de
dúvidas, a excelente novela também faz a apologia do Amor, único sentimento que
pode trazer felicidade aos Amantes, cita frases célebres, é enriquecida de fina
ironia. Apesar do maniqueísmo, outro ponto positivo da trama é realçar a figura
do professor, em um enfoque positivo de homem pobre, todavia culto, honesto,
íntegro e nobre.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Tento enfatizar que o gosto popular sabe também apreciar
o que é bom, mais erudito. O segundo
depoimento é pessoal. Escrevo no Caderno C, no jornal A Cidade, há quase dez
anos. Tenho liberdade de escolha dos temas. Também respeito os Leitores, que,
para mim, são sempre um mistério. Vario de gênero nos textos, que são ora muito
simples e accessíveis, ora bem jornalísticos, com linguagem mais denotativa, outras
vezes mais literária, usando a conotação e assuntos mais complexos. Ora, aprecio
muito a arte de Dalí, sobre a qual há críticas controversas. Conheço o Museu
Dalí, em Figueras, na Espanha, na Região da Cataluña, Província de Girona. O
surrealismo de Salvador Dalí impressiona, surpreende, atrai visitantes do mundo
inteiro.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Há algum tempo resolvi usar minha coluna descrevendo um
quadro de Dalí, comentando sua beleza, complexidade e criatividade singular.
Confesso que se o assunto me agradava, todavia o artigo teria talvez poucos
leitores. Para minha surpresa, tive um grande retorno, com e-mails e
telefonemas dizendo terem apreciado o que escrevi e um recado me surpreendeu
sobremaneira: “Sou borracheiro, entendo pouco de Arte, mas seu artigo foi um os
mais belos textos que já li”. Reelaborei
o texto, completando-o e, a pedidos, brevemente voltarei a publicá-lo.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> O terceiro depoimento é mais
convincente, pois fala do gosto do povo, do que ele aprecia. Em uma das Feiras
do Livro, deu-se o encerramento com a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto tocando
músicas clássicas, na Praça XV. Era uma linda manhã fresca e azul; compareceu
uma multidão de seis mil pessoas. O povo gostou muito, ficou em um silêncio
quase religioso, aplaudiu com entusiasmo.
Foi um exemplo de bom gosto e sensibilidade. <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Assim, volto a enfatizar: o povo
parece gostar só do que é ruim, não tem capacidade de apreciar o que é belo,
mais elevado e sutil. Não é verdade. Talvez seu propalado mau gosto seja fruto
da falta de oportunidade de provar o que é bom.
A comida caseira, que lhe é oferecida todos os dias, principalmente pela
Televisão, é um fast-food de péssima qualidade. É hora de mudar o cardápio, pois o aforisma
popular já denuncia: O mau hábito faz o monge. <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-89344536178982441772014-01-19T19:14:00.001-02:002014-01-19T19:14:07.054-02:00LINGUAGEM E EMOÇÃO<div class="MsoTitle">
<span style="font-size: 14pt;">LINGUAGEM E EMOÇÃO<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Parafraseando
a filosofia de Buffon, o vocabulário é o homem. Ora, a Estilística enfoca o
problema na Linguagem Afetiva, de maneira pitoresca. Tal linguagem pode
significar carinho ou desprezo. Tudo depende do tom, da pontuação, do contexto.
Cachorro é um animal maravilhoso e pode-se até medir a cultura e a
sensibilidade de quem convive com ele, valorizando-o. Uma simples exclamação
diante do termo cachorro, dito a
um ser humano, é ofensa gravíssima. O mesmo acontece com o termo vaca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 14.0pt;"> A Linguagem Afetiva, quando conota sentido pejorativo,
serve também para o humor, jogos semânticos. Há pouco se veiculou na internet,
em um vídeo interessante: passa uma mulher de carro e ela grita para um homem,
quando os veículos se cruzam: Cavalo! O herói, ferido nos brios, retruca: Vaca!
No quadro seguinte, despenca literalmente um cavalo sobre o carro dele, ficando
só as patas do animal por fora do para-brisa...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 14.0pt;"> A introdução é para comentar um episódio hilário, sobre
mais um dos repetidos, no passado; o nosso então presidente, Luís Inácio Lula
da Silva, usou no discurso de almoço de fim de ano, com 140 oficiais presentes,
a expressão <b>“</b>bando de generais”. Evidentemente, o pobre Lula nunca foi muito
familiarizado com substantivos coletivos.“Bando” pode ser usado para pessoas e animais, mas no primeiro caso
é sempre pejorativo, sinônimo de chusma, magote, choldra, joldra. Os importantes
militares não perdoaram, dizendo do presidente, no jornal O Estado de São
Paulo: “O beócio aproveitou sua
forma de falar besteiras para praticar covarde agressão”. Não discutamos quem
tem razão, qual foi a intenção do terrível lapso presidencial. Interessante é o
adjetivo substantivado que os militares usaram: “beócio” (sujeito inculto e
despreparado). Como se sabe, as palavras têm vida, exprimem status, estilo,
caem <st1:personname productid="em desuso. Quem" w:st="on">em desuso. Quem</st1:personname>
ainda usa “beócio” é antigo,
meio obsoleto, rígido, avesso a modernidades...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Os exemplos continuam. Conheci uma doméstica que amava
assistir a novelas de televisão, principalmente as de época. Quando isso
acontecia e ela brigava com o filho, seu vocabulário era esclarecedor. De dedo
em riste, gritava para ele: biltre, energúmeno, pascácio, parvo, lorpa, nécio! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Alguns professores têm um vocabulário especial para classificar, com ironia, alunos desatentos ou
curtos de raciocínio : Rui Barbosa! De maneira mais sarcástica: QI de dois
dígitos! Camarão! Espiroqueta! Filhote de jabuti com lesma! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Quase todas as línguas são ricas, semanticamente, em termos
ofensivos. Há os de baixo calão, conhecidos no mundo todo e alguns
interessantes: Yellow e Chicken (covarde, poltrão, desprezível) em inglês;
salaud, mufle, saligaud, cochon, butor, cocu (salafrário, cafajeste e outras delicadezas,
em francês). A língua, no entanto, é tão pitoresca, que, até hoje, na França,
dizer a alguém “merde”, três
vezes, antes de um show, peça teatral, espetáculo, é desejar sorte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: medium;"> Assim a </span><span style="font-size: 19px;">Linguagem</span><span style="font-size: medium;"> Afetiva é dinâmica e movida a sensações,
raiva, desprezo ou carinho. Há também gestos muito expressivos que falam mais
que palavras. Veja-se o exemplo do deselegante piloto norte-americano, que, há
algum tempo, fez, em público, um gesto obsceno famoso no mundo todo. Engraçado
como a História se repete. Dizem que a queda de Collor começou quando ele foi
flagrado por um fotógrafo fazendo o mesmo gesto, com o dedo médio...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Sem ofensa, mas se meus queridos leitores acharem o assunto
inócuo e pífio, ouso afirmar sobre minha tese: “Se non é vero, é bene trovato”.
<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-33775754356561121602014-01-12T11:00:00.001-02:002014-01-12T11:00:07.607-02:00 ANTISSENTIMENTO<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> ANTISSENTIMENTO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> O amor não é bom<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ele quer o mal<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Sente inveja e se envaidece<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Da paz que se foi.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> É jamais ganhar, só perder<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Na dor, na dúvida, no medo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Da falácia, instável
sensação<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Da ânsia, do vazio, do oco<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Da roubada alma.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> É por vontade sonhar
horizontes<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> E morrer sufocada entre
montes<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Grilhões do não saber<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Quando ainda nem se viveu<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> E o fim já se delineou.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> É servir, escravos os dois<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Não há senhor / vencedor<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Só nostalgia, amargura, a
dor<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Dos assinalados em desgraça.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Dos mortos na dúvida<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Sufocamento sem fim<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Porque o epílogo fatal<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Prova sempre, efêmero, falaz<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Que o amante sorve o veneno<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Todavia não morre do mal.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> CONFITEOR<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> De há muito eu te esperava<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Sem saber que trazias<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> A chave de todos os
mistérios.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Eras a resposta sagrada<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Tesouro para mim guardado<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Desde tempos imemoriais.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Hoje, quando me cobres<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Com tuas asas de homem<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> De anjo? Transformas a vida<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Em doce e manso happening<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> No paraíso só nosso<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ao nosso amor destinado.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ah, Amado, é o verde, o
silêncio<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> As flores coloridas que
emolduram<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Nosso ninho cálido, a brisa<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ou são tuas mãos tépidas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Que curam as chagas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Que a vida me presenteou<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Como alçapões malditos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> No inesperado das
madrugadas?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Tu me tomas pelas mãos e
dizes:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Vem, irmã, companheira,
mulher minha,<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> O tempo dos sonhos e
pesadelos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Tudo terminou. Sorris
iluminado.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Como um deus, como meu
homem.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Tu és plural. Menino, mago<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Selvagem animal quando me
possuis.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> E tudo é belo, tem sentido<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Porque sei que és meu<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Nesta doce e mágica troca.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ely Vieitez Lisboa<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">(*)Do
livro Replantio de Outono, 2008.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 87.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 87.75pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 87.75pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-27406847386892216162014-01-05T15:37:00.001-02:002014-01-05T15:37:04.683-02:00JANEIRO<div align="center" class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">JANEIRO<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-left: 70.9pt; mso-add-space: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Os meses do ano têm características próprias bem definidas.
Janeiro é sinônimo de recomeço, esperança da concretização dos sonhos falidos.
Começamos o mês cheios de fé, boas intenções e promessas, nessa espécie de
segunda chance.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Jano (em latim Janus) foi um deus
romano que deu origem ao nome do mês de janeiro. A figura de Jano é associada a
portas (entrada e saída), bem como transições. A sua face dupla também
simboliza o passado e o futuro. É o deus dos inícios, das decisões e escolhas.
O maior monumento em sua glória se encontra em Roma. Jano foi o responsável
pela idade de ouro da cidade italiana Lácio, trazendo dinheiro e agricultura à
região. O seu nome também evoca trocas e
colheitas.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Assim, talvez janeiro seja o mais significativo dos meses; ele
acolhe dois signos, Capricórnio (de 22
de dezembro até 20 de janeiro) e Aquário (de 21 de janeiro até 19 de
fevereiro). Todos conhecem um pouco de Astrologia. Conforme ela, o signo
corresponde ao período do mês que a pessoa nasceu e traz características
pessoais, como o agir em certas situações. Os capricornianos são mais orientados
para o trabalho, a disciplina e a persistência. O signo de Aquário simboliza pensamentos avançados, tendência para o
infinito, aceitação de vários pontos de vista, sabedoria universal inerente aos
pensamentos e às ações.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Como se vê, janeiro é um mês eufórico,
termo usado na Semiótica, significando tempo feliz, que traz alegria. Um mês
positivo, promissor, isto é, promitente, cheio de promessas, auspicioso,
próspero.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ando com a bizarra tendência de
analisar e acreditar em fatos complexos, sem prova científica, possibilidades
inefáveis, até em superstições. A culpa é do meu signo. Os sagitarianos são
positivos, versáteis e o desconhecido os encanta. Mentes abertas, confiáveis, honestos, bons,
sinceros, cheios de idealismo. Muitas vezes fui chamada de crédula, até de
ingênua, por acreditar muito nas pessoas e no happy end dos filmes da vida. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Não sou um Cândido, personagem de
Voltaire (1759), nem tenho a Síndrome de Pollyana, pessoa exacerbadamente
otimista, que vê a vida por um prisma róseo e com ingenuidade; esta Síndrome
leva o nome da personagem de Eleanor H. Porter.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Voltemos ao mês de janeiro. No último
dia do ano, tem-se o hábito de, nas grandes cidades, jogar papel picado das
janelas dos altos edifícios. É uma metáfora interessante, espécie de mensagem: eliminemos
o supérfluo, as tristezas, os fracassos do ano anterior. É hora de recomeçar.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Penso que a vida é um espetáculo
teatral. Enquanto o Ano Velho que já teve seu papel principal na Grande Peça,
agora fraco e alquebrado se despede, cheio de frustrações, o Ano Novo, nas
coxias, símbolo de recomeço, espera, para iniciar seu reinado. O script da Peça
é sempre muito parecido, mas é preciso sonhar, mola mestra da existência. A
pergunta angustiante: quem é o Autor da Peça? Não seria o texto um happening, procedimento teatral em que os atores vão
criando seu papel sem trama pré-determinada? E qual é o papel do Diabo, quando
se pressupõe, pretensamente, que o Diretor é Deus? Algo muito importante é a
sonoplastia, a música que embeleza a Peça. Seu título: Esperança.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> No dia primeiro de janeiro, tudo
recomeça. Há algo belo que se vê nessa Porta de Entrada do Ano Novo. Na Divina
Comédia de Dante Alighieri, na entrada do Inferno há uma mensagem lúgubre. Parafraseando o aviso, às avessas, no pórtico
do novo Ano está gravado: “Mantende sempre a esperança, vós que entrais”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-left: 70.9pt; mso-add-space: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-31844086574937199952013-12-29T13:30:00.002-02:002013-12-29T13:30:44.665-02:00DIÁLOGOS IMPOSSÍVEIS<div align="left" class="MsoBodyText" style="margin-left: -27pt;">
<br /></div>
<div align="left" class="MsoBodyText" style="margin-left: 141.6pt;">
<span style="font-size: 16.0pt;">DIÁLOGOS IMPOSSÍVEIS</span><span style="font-size: 14.0pt;"><br />
</span><span style="font-size: 14pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2">
<b><span style="font-size: 14.0pt;"> O
diálogo, filho da palavra, ambos armas poderosas, perigo real de dois gumes,
seriam presentes de Natal muito adequados, se não fossem tão complexos. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Em um consultório médico vi um pôster que
jamais me saiu da memória. Uma floresta luxuriante, de cuja sombra emanavam uma
frescura vívida e grande harmonia, entre as pedras e cascatas . Em inglês, os dizeres: Como
queres que eu te escute, se não entendes o meu silêncio?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> A comunicação do Homem com a Natureza e
com o próprio Homem sempre foi difícil. Nesse Natal, no mundo da ficção, onde
tudo é possível, eis diálogos, ricos presentes.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">As
florestas diriam aos homens: – Você, pretenso Senhor do Universo, por que se
transformou em predador maior? Não vê que está cavando a sua própria sepultura?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Ao que ele responde: _Sim, mas como sofrear o desejo de
poder que me abrasa, a sede de conquista, a ambição que trago na essência? A culpa é minha ou do meu Criador? O Homem,
no entanto, se esqueceu, com certeza, da verdade insofismável: a Natureza não
se defende, ela se vinga.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 0cm; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-size: 14.0pt;">Ora, os
homens das cavernas já eram amantes da guerra, com a sanha no próprio plasma.
Machado de Assis, em dois de seus romances, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e
“Quincas Borba”, denuncia os homens como seres inaptos para a paz. Exemplifica,
ironicamente, com a filosofia do Humanitismo, criando uma parábola sobre duas
tribos que viviam perto de um rio, onde havia uma plantação de batatas,
suficiente para alimentar uma só tribo. Assim, a guerra, no caso, era sinônimo
de vida: Ao vencedor, as batatas! A paz traria a morte.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Como a História da humanidade pouco muda, poder-se-ia
transpor a parábola para os dias atuais, quando alguns países vivem um verdadeiro holocausto,
onde ninguém se entende e muitos morrem. Desejar um diálogo e consenso parece
algo utópico. As guerras sempre foram uma parafernália de causas contraditórias
e efeitos nefandos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Nesse Natal, perguntei a Deus, a mais solitária das
criaturas, porque não tem com quem dialogar:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Que é mais trágico /
do que o desacerto do ritmo / entre a<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">a alma e o corpo? /
Que fazer do espírito, / que busca<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">infinitos, / enquanto
a carne palpita animal? / Que fazer<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">dos nervos, / correntes-cadeias que aprisionam a
carne /<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">e a alma, que ri,
superior, / em ironias metafísicas? / Que<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">fazer de Deus, / que
deu ao homem de barro / uma alma<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">de estrelas? / Por
que PARA SEMPRE é POR POUCO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">TEMPO / e NUNCA MAIS
quer dizer AMANHÃ?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">É um mistério. Os
homens não se entendem. A impressão que se tem é que não nasceram para a paz,
embora digam que odeiam a guerra. Este perigoso modo de ser acarreta
consequências funestas, faz dele alguém sem futuro. Filmes clássicos falam de
uma época longínqua, apocalíptica, árida e mortal. Mas nada os muda, nada os
convence de outra maneira de serem mais benéficos e pacíficos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Realmente o homem
sempre quis ser o Senhor do Universo, mas
se transforma em seu carrasco.
Ludibriado com sua pretensa racionalidade, ele caminha para um abismo que ele
mesmo tem cavado, desde tempos imemoriais.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">O que pedir nesse
final de ano? Talvez falar com Deus para que consigamos decodificar este
diálogo impossível, tornando-nos seres mais dignos da Criação.<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 72.0pt; text-align: justify; text-indent: -36.0pt;">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-63540226825130348832013-12-22T09:00:00.001-02:002013-12-22T09:00:12.863-02:00CALENDÁRIO DA NATUREZA<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">CALENDÁRIO
DA NATUREZA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <b>Comentava eu com alguém muito querido, que me
fascinava o fato de haver uma espécie de agenda na Natureza. Árvores, flores, frutos,
tudo tem seu tempo de nascer, crescer e morrer.
Assim, os ipês florescem na seca e em junho e julho dão espetáculo de
beleza; os brancos, com sua efêmera brancura lírica, os amarelos e roxos (ou
rosa?) são belíssimos. Há curiosidades
interessantes e não me atrai pesquisar se verdadeiras ou não. Por exemplo: as
cores dos ipês dependem da luz solar mais ou menos forte. No final do ano os
flamboyants incendeiam as frondosas árvores e os cachos dourados enfeitam os pés de acácia. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ora, morei quarenta anos em um
apartamento com a frente para a Praça XV.
Da janela de meu quarto avistavam-se umas belas árvores copadas, que o
povo chamava de Sete Copas. Soube que
elas eram originárias da Europa. Verdade ou não, em setembro e outubro, quando
aqui é primavera e lá, outono, todas as folhas dessas intrigantes árvores secavam
e caiam, como acontecia com o outono
europeu. Nunca tive uma explicação científica ou botânica, mas o fenômeno
lembrava-me a canção famosa Les Feuilles Mortes, de Joseph Kosma.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> E há as idiossincrasias (manias botânicas?)
das flores. Os amores-perfeitos só florescem em locais de clima frio. As
misteriosas papoulas preferem terras áridas; há a estação das rosas, o tempo
dos cravos, das gloxínias, dos lírios, das prímulas, das azaleias e centenas de flores de cores, perfumes e
nomes poéticos. Recentemente vi em uma
matéria televisiva, cientistas europeus que manipulam geneticamente as flores,
misturando suas cores, seus perfumes. É o progresso sim, mas parece-me uma
metáfora do homem violentando a Natureza...Foi dito que essas flores híbridas,
mescladas, de cores nunca vistas
antes, vendiam-se mais. Pergunto-me se
as pesquisas são feitas para embelezar o mundo, ou são reféns da ambição.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Acontecem fatos tão bizarros, sempre
noticiados pela televisão, pela mídia escrita, que nos deixam abismados e
cheios de dúvida, diante da sede tantálica dos meios de comunicação. Perseguem com fúria as notícias e jamais
sabemos o que é verdade ou invenção, criatividade distorcida ou ficção. Soube certa vez que nos Estados Unidos
fizeram uma experiência notável: dois locais fechados, um ao lado do outro,
ligados por cabos comunicantes. No primeiro colocaram um médium e no outro,
flores frescas, exuberantes. O homem começava a enviar mensagens do cérebro, de
onde emanavam pensamentos fortemente negativos, destrutivos. Pouco tempo
depois, as flores secavam, morriam... O que pode haver de verdade nisso? O povo
já não diz que há pessoas de olhares malignos, que são capazes de secar todo um
canteiro de avencas? Popularmente, arruda fecha o corpo contra todos os
malefícios...Jardins com hortênsias dão azar e as moças da casa ficam
solteironas... <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Uma filha afim, quando nos visita,
elegeu a grande Mangueira do nosso Condomínio como lugar propício para fazer
meditação. Ao pôr do sol ela passa horas
meditando, sob a majestosa árvore que,
de acordo com a tradição, é sagrada e protege. A Grande Mangueira de Magda, a
mística. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Sei que tudo isto pode ser inverdades
ou superstições. Todavia, elas me encantam. Minha defesa é parafrasear a
conhecidíssima assertiva do gênio inglês, Shakespeare: Há mais mistérios entre o céu e a terra, que
sonha a nossa vã filosofia. Ou podemos até duvidar, citando a famosa frase de
Miguel Cervantes Saavedra: Yo non creo en brujas, pero que las hay, las hay.<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-63165917747441738472013-12-22T08:53:00.001-02:002013-12-22T08:53:15.352-02:00PALAVRAS AO DEUS MENINO<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">PALAVRAS
AO DEUS MENINO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Ah, Jesus Cristinho, dia 25 é teu aniversário. Vê como as
ruas estão aparentemente alegres, muito coloridas. Nas casas do alto da cidade há
arranjos de luzes nos jardins suntuosos. Dentro das mansões, grande é o
movimento, compras foram feitas, sofisticados menus são preparados. Em nome da
união das famílias comer-se-á, beber-se-á em demasia, brinquedos caríssimos
serão dados a crianças fortes, bem fornidas, enfastiadas de tantas guloseimas. Orações
automáticas serão feitas às pressas, se feitas, porque o comer e o beber atiçam
a vontade de todos. É uma festa gastronômica, de glutões, há exageros e
desperdícios. Alimenta-se o corpo e deixa-se morrer à míngua o espírito.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Ah, meu Cristinho, como o homem
distorce os teus desejos. Nasceste pobre, de família humilde, cobriste o teu
corpo com apenas o necessário, calçaste teus pés com sandálias. Quando querias
reunir teus Apóstolos, teus amigos, tu o fazias com simplicidade, sem alarde
nem abastança. Deste um dia uma grande festa, a mais bela, onde multiplicaste
pães e peixes para a multidão faminta, mas foi em campo aberto, junto ao povo,
servindo o alimento essencial. Fora isto, banqueteavas os grandes grupos, os
aglomerados, com sabedoria, com parábolas, servindo a Palavra como alimento
maior. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Dizem que não sorrias nunca,
estavas sempre atento e lúcido, porque sabias (e como sabias!), que a vida é
luta, é tristeza, é trabalho. Eras doce e manso, compreensivo e
antipreconceituoso, aceitavas os pecadores, dando-lhes o perdão, entendendo
suas faltas. E que fazem os homens, Cristozinho bom e amável, depois de tantas
lições recebidas? São irascíveis, guerreiam, odeiam, julgam, condenam,
discriminam, separam. Há vencedores e vencidos, opressores e oprimidos, ricos e
pobres.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Ah, meu querido Menino, por que te digo tudo isto, no teu
aniversário, como se tu já não soubesses? Eu também erro tanto, troco meus
passos, cometo pecados e deveria hoje falar só de coisas boas. Rezar para ti,
oferecer-te, não ouro, incenso ou mirra, mas flores, pássaros, borboletas e
crianças. Queria te dar uma boa nova, dizendo-te: Vê, os homens criaram juízo,
ouviram seus corações, refizeram seus caminhos, aprenderam a amar. Já não há mais
guerra, nem ódio, nem fome, nem violência. Todas as crianças são amadas, bem
alimentadas e tratam-se os animais com
respeito e carinho. Já não se violenta mais a Natureza e o homem cuida do seu
espírito e não só do corpo, amealha riquezas de bondade, de ternura, de
altruísmo, erradicou do coração as ervas daninhas da hipocrisia, da
brutalidade, da ambição, do orgulho e da injustiça. Coro de vergonha, porque é teu
aniversário e nada do que queres posso te dar. Mesmo assim ouso ainda fazer-te
um pedido: não fiques zangado, não te entristeças, não penses <st1:personname productid="em castigar-nos. Perdoa-nos" w:st="on">em castigar-nos. Perdoa-nos</st1:personname>
mais uma vez. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> E um dia teremos, finalmente, em outro aniversário teu,
um verdadeiro Natal. <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-61570395835840179042013-12-08T16:53:00.002-02:002013-12-08T16:53:38.691-02:00A ÚLTIMA COLHEITA<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">A
ÚLTIMA COLHEITA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 65.25pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Sempre
acontecem mortes inesperadas e prematuras, de gente famosa. Embora isso
aconteça muito, o fato nos leva a fazer algumas reflexões. A imprensa escrita
já veiculou questionamentos insólitos a pessoas importantes, sobre “o que você
gostaria ainda de fazer, antes de morrer”. As respostas foram variadas, algumas
inteligentes, outras óbvias. Na realidade, ninguém está pronto para a última
viagem. E mais: o que é estar pronto? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 65.25pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> O
ser humano, quando teme ou não entende um mistério, brinca com ele. A
inexorabilidade da morte provoca isso. Muitas vezes não se pensa muito nesse
incômodo encontro marcado, para o qual não há justificativa da ausência no dia,
data ou local, não se pode aventar motivos circunstanciais a fim de não
receber a indesejável visita. Muito
pertinente o epíteto (ou eufemismo?) dado à morte, por Manuel Bandeira, no
poema “Consoada”: A Indesejada das Gentes”. Com sua poesia objetiva, podada,
enxuta, ele parece exigir, aparentemente, pouco do homem, para o último desembarque. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 65.25pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Voltemos,
no entanto, à questão proposta na mídia. Um psiquiatra famoso relatou algo
interessante: Muitas vezes, antes de partir, o doente terminal experimenta
momentos de lucidez. À pergunta: “O que você desejaria ter feito, ou tido na
vida?”. Noventa por cento (grande
porcentagem) respondiam: Queriam ter vivido ou viver ainda um grande amor. Isso
faria tudo valer a pena. Parece estranho, mas o momento culminante da partida
exige acuidade aguda para os valores, muitas vezes invertidos. Querer fortuna
no final? A Barca de Caronte, no rio Aqueronte, não cobra passagem e Cérbero,
guardião dos Infernos (ou São Pedro...) não é corruptível. Na verdade, no final
do espetáculo da vida, (pelo menos nesse momento), o homem deixa de ser tolo,
iludível, esquece-se do poder, não quer ser Midas, volta para o essencial, para
algo sem peso, indelével, intangível, valioso e eterno, que pode ser moeda
forte e oficial no outro lado. Foi bom, amou. Acrescentou algo à Criação. Isso
parece ser um passaporte seguro.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 65.25pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Seria
cauteloso fazer certas exigências. Pedir uma saída rápida, preferencialmente
indolor, inesperada como os grandes presentes e surpresas boas. Ver mais uma
vez alguns amigos queridos, que se desgarraram na nossa história, perderam-se e
hoje parecem personagens de ficção. E um desejo maior, mais valioso, mais belo.
Experimentar o gosto agridoce de uma paixão. É belo apaixonar-se. De repente, a figura do ser amado, como
regente exímio, realiza o grande concerto harmonioso da Sinfônica de nossa
vida. Sentimo-nos deuses, privilegiados, ganhamos asas, a cosmovisão se aguça,
somos capazes de ver além. Há belezas até nos terremotos que a alma
experimenta, alegria e tristeza, felicidade e tormento alternam-se sem nenhuma
lógica. As lágrimas fáceis brotam, misturando-se ao riso, a lucidez desaparece
e a alma alimenta-se apenas da presença ( ou até da ausência ) do Amado.
Sentimo-nos felizes e desgraçados, amargos e eleitos. A morte? O que é a morte,
depois de que se experimentou o paraíso? O prêmio maior, quando já se teve uma
grande paixão, é que se pode levar conosco, para o outro lado, todas as
sensações vividas, cada momento único, palavras trocadas, carinhos, lembranças
preciosas, intransferíveis, tesouro imensurável, totalmente ao portador. <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 65.25pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Como
se vê, a enquete, que parece aleatória, é muito interessante. Um bom momento
para se fazer balanço: como anda sua escala de valores? Será preciso chegar o
momento final, o Grande Encontro, para que pense em algo tão importante? O que
você pretende realizar, antes da colheita derradeira?<o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-52537097711524686342013-12-01T09:51:00.001-02:002013-12-01T09:51:48.574-02:00APÓLOGOS<div align="center" class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">APÓLOGOS</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Em um
mundo materialista, tão violento, dirá o leitor: Para que escrever sobre
delicadezas, mensagens tão líricas? Não sei. Talvez para experimentar um
antídoto, por um curto tempo da leitura. Que me perdoem os realistas, gente de
pé no chão. Seguem abaixo duas pequenas estórias.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">I<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> A Rosa reclamou para o Cravo. Daquele
jeito não era possível: ele ficava com seu cheiro forte, ao seu lado, mesclando
olores adocicados ao seu perfume etéreo. E ele, por amor, humilhou-se, tentando
ser quase inodoro. A Rosa não ficou contente. O Cravo, com sua postura ereta e
elegante, como um caniço verde vivo, aveludado e macio, ficou esconso atrás das
hortênsias pomposas. Mas a tirana não
achou suficiente. Como a Natureza pôde lhe dar espinhos, a ela rainha? Por que
as incômodas abelhas, as eventuais lagartas? E o tempo, o inimigo terrível! Sua
decantada beleza durava tão pouco! Devia ser culpa do Cravo, que conseguia sobreviver dias, fresco e inalterável... E ele dizia
amá-la! Isto era amor?! Egoísta, malévolo, vil! E o Cravo pediu à Deusa Flora
que concedesse seus dias de vida à Rosa. Ela era a mais bela, merecedora, eterna.
Seu pedido foi aceito, mas ele teria sofrimentos atrozes, torturas da raiz às
pétalas... Dobrar-se-ia com facilidade, com as brisas da manhã, tingir-se-iam
de sangue suas pétalas. Seria relegado ao segundo plano das flores, jamais
participando de festas ou dado em buquês, como oferendas de amor __ um João
ninguém, um simples arbusto, um dianthus caryiophylus. Tudo aceitou pela Rosa,
cabisbaixo, humilde, amoroso. Mas nem assim a Rosa ficou satisfeita. Pouco
tempo depois, anunciou seu casamento com um espalhafatoso Crisântemo Amarelo,
que, mesmo sem ser muito nobre, era pomposo, rico, exuberante como um sol. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Só havia algo mais trágico que a sina
infeliz do Cravo amoroso: ele jamais percebera uma tímida Violeta, sempre a seu
lado, miúda, mas de perfume inigualável e que seria capaz de morrer por ele. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> O
mundo das flores é semelhante ao dos seres humanos. Os grandes amores são os
jamais realizados e os olhos do amor são cegos e insensíveis, só vendo o
acessório e desprezando o essencial. E a pior evidência: não se tem a quem
atribuir a culpa por estas insólitas verdades, que se repetem eternamente.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="tab-stops: 175.5pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">II<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <b>Ele
passeava cabisbaixo, infeliz com seu frustrado amor. A vida é injusta e amarga.
Ele a amara tanto, a vida toda e agora ela partia para novos braços? Ele nem
reparava nas florinhas que pisava, nos lírios que o olhavam com meiguice, nas
violetas que perfumavam o ar. Será que ele não sabia que nada é eterno? Cronos
não perdoa.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> De repente parou. Estava em um jardim
de rosas. Olhou para elas, lindas, perfeitas. Notou então que faltava algo, que
sempre o encantara. Perguntou para uma delas, branca e pura:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Onde está aquele
casal de borboletas que sempre voejava por aqui, dando vida ao jardim? Ela,
sábia e misteriosa, respondeu: Elas se amaram durante uma rosa vermelha...<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-19264596243796113372013-11-24T10:42:00.001-02:002013-11-24T10:42:34.581-02:00RELEITURAS BÍBLICAS<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-size: 16.0pt;">RELEITURAS
BÍBLICAS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">A Bíblia é literatura de alta qualidade. Assim, todos os
seus textos podem e devem ser lidos conotativamente, isto é, dentro de um contexto
literário, que admite leituras diversas. Pode-se até fazer releituras em um enfoque
moderno, sem correr o risco de heresia, mas sim como um exercício intelectual.
Deus deve gostar disso. <o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">I<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Era no Paraíso. Eva, formosa, com uma guirlanda de flores
perfumadas, envolvendo seu corpo edênico, diz a Adão: Tome jeito, criatura! Você
já é bem grandinho, para obedecer ao Pai. Não comer do fruto proibido, por quê?
Cismado, Adão olha para a companheira que lhe oferece uma apetitosa maçã rubra.
O que ela quer? Está sempre me colocando em uma fria... Ela não é confiável.
Titubeou, tergiversou, não tinha vontade, a fruta não estava madura... E
custava obedecer? Por que infringir a lei? Que diabo!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Não chegaram a um acordo. Veio o
divórcio. Só bem mais tarde, influenciados pelos Anjos, reconsideraram, senão
comprometeria o vir- a- ser da humanidade.<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">II<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">Passagem irritante, boçal. Ninguém alertou que Sansão e
Dalila tinham QIs de ameba, eram quase débeis mentais?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Amantes. Dalila, traiçoeira e mau
caráter, quer acabar com o Schwarzenegger bíblico. Como descobrir a fonte de
sua força, para destruí-lo? Pergunta-lhe, cheia de dengo: – Sansão, de onde vem
sua força? Ele, matreiro e desconfiado. A reputação de Dalila é conhecida. Não
é flor que se cheire. Falsa, traiçoeira como cobra. Sabendo disso, nosso idiota
musculoso tenta enganá-la. Seria necessário amarrá-lo com cordas de arco
frescas, que ainda não tivessem sido postas a secar. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Os filisteus caem sobre ele, nosso
herói os arrebenta. A mulher viperina volta a perguntar. O imbecil mente de
novo, usando a mesma falseta, mais duas vezes e o Blockbuster do Livro dos
Juízes, sai ileso. Não é que a víbora
volta a atacar e o mentecapto confessa a verdade? A força está em seus cabelos
virgens de navalha. A messalina, Judas
de saia (ou de véus?) adormece o parvo, recebe dinheiro pela sua iniquidade e
transfere o encargo a um homem, para executar a tarefa, cortar as sete tranças
da cabeleira de Sansão. Foi o primeiro caso de terceirização da História. Nada
é novo na face da terra.<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">III<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Novo Testamento. Perguntaram a Jesus o
que era a verdade. Ele olhou para o povão ao redor, agachou-se e pôs-se a
rabiscar o chão. Os exegetas aventam mil hipóteses. Que significava o gesto?
Por que o Mestre, onisciente, que tudo sabe, não respondeu? Eu, hein! Sou lá
besta de meter a mão em cumbuca? Ele conhecia a cabeça e o coração dos
homens...<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">IV<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">E há a passagem da primeira Multiplicação dos Pães. Com
apenas cinco pães e dois peixes, Jesus alimentou uma grande multidão de mais ou
menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças (olhe o preconceito!) e
ainda sobraram doze cestos cheios de pedaços. Dizem que o Cristo teve problemas
com o fisco e com o imposto de renda. Como explicar tal despesa diante de tão
pouca receita? Mas essa é outra história.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-49677076044847671762013-11-17T19:25:00.002-02:002013-11-17T19:25:29.281-02:00PREMONIÇÕES <div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">PREMONIÇÕES </span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <b>Uma forte emoção na infância ou na adolescência pode influenciar ou
tornar-se realidade, na idade madura? O que move essa força, como entender o
mistério? <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Desde que aprendi a ler,
não parei mais. Era como se um dínamo me movesse. Dentre as dezenas de livros
infantis que li, quando menina ainda, a história da Sereiazinha, de Hans
Christian Andersen comoveu-me de tal maneira, que parecia um aviso. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> A pequena Sereia
apaixonou-se por um Príncipe que ela salvou da morte, em um naufrágio. A
criaturinha só poderia ser feliz se, com uma poção mágica, trocasse a cauda pelas
pernas, tornando-se humana; mas assim sofreria o castigo de ter dores atrozes,
como se andasse sobre facas. Tudo fez para viver um grande amor.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Aos dez anos e na
adolescência reli muitas vezes a linda estória e chorava rios de lágrimas. Por
que esta estória me comovia mais que outras? Simbolicamente, era uma
premonição, um aviso? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Talvez haja uma explicação
mais científica para, bem mais tarde, eu sofrer tanto dos pés. Toda minha família, do lado espanhol,
experimenta tal desgraça. Aventou-se até a hipótese de ser uma síndrome comum
entre os da raça espanhola, com todo tipo de mazela: má formação dos pés,
calos, o pisar meio torto e defeituoso, piorando com a vinda dos anos, uma
lástima.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Um dia alguém me disse algo
bizarro, mas interessante, sobre o problema: pessoas do signo de Sagitário
sofrem das patas... Sempre tento confirmar tal teoria. Ela parece verdadeira. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Voltemos à Sereiazinha de
Andersen. Ela, no final, foi feliz, sacrificou-se, mas experimentava dores
terríveis nos pés e nas pernas. Tive este destino, não por conta do amor, mas
de Cronos, carrasco inexorável. Mas já na minha juventude, quando cursava o
chamado Clássico, no Otoniel Mota, quiseram aproveitar, em vão, minha altura:
logo eu saia da quadra, de padiola, com tendões arrebentados. Aliás, a Educaçáo
Física, na escola, era meu pesadelo. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Assim foi a vida toda.
Detesto todo tipo de esporte. Certa vez, o médico pediu que eu fizesse
hidroginástica. Tentei. Era uma turma de velhotas. Eu entrava na piscina e
enquanto o Instrutor ensinava vários movimentos, eu boiava deliciosamente,
quieta, com meus pensamentos. A experiência durou pouco. Havia uma mulher,
ainda mais velha que eu; ela era uma delatora e gritava: Olhem, ela não está
fazendo os exercícios! Ralhei com ela: Não tem vergonha de ser um alcaguete?
Aborreceu-me ir ali duas vezes por semana, perder tempo. Saí, porque outra
coisa que eu detestava era, na hora da chuveirada, nos banheiros sem porta, ver
aquela velharada nua, com as pererecas de fora. Um horror!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Retornemos à Sereiazinha.
Por que eu sofria tanto com a história?
Seria premonição? Mistério. Pela vida toda tenho tido experiências
estranhas: sonhos, pesadelos, avisos, como se eu fosse uma Sibila. Disseram-me
que eu tinha mediunidade e que devia desenvolvê-la. Nada fiz. A vida tem
mistérios demais. Para que mexer com o desconhecido de outro plano?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Precavida ou covarde? Nem
questiono a resposta. Sou cautelosa e prática. Melhor cuidar dos assuntos aqui
de baixo. <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-59829692876207935142013-11-04T14:35:00.000-02:002013-11-04T14:35:02.780-02:00CARTA ABERTA AOS MORTOS<div align="center" class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">CARTA ABERTA AOS MORTOS<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <b>Dia triste o dois de novembro. Nada
afugenta a melancolia. Dizem que há povos que, nessa data, fazem festa, tocam
instrumentos musicais, sentam-se sobre os túmulos, a família toda e ri,
conversa alegremente. Tem certa lógica. Os mortos estão mais felizes que nós,
os vivos. É bem verdade que as crenças diferem. Os espiritualistas acreditam em
uma vida post mortem. Alguns até
estabelecem lugares específicos, como prêmio, castigo ou o limbo, onde se
espera o destino eterno. Outros dizem que há possibilidade de muitas voltas,
até se resgatar os erros aqui cometidos. Os materialistas são radicais: nada há
após a morte, só o vazio, o não-ser. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Sabem, meus queridos, não tenho
posição definida, vacilo às vezes diante de tanta teoria, possibilidades
várias, hipóteses. Na verdade, ninguém voltou para ensinar. Mas quero acreditar
que existe algo. Seria muito triste, de repente desaparecer, esfumar como uma
brisa etérea. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Eu não gostava de passar pelo grande
Cemitério da Saudade. Confesso que virava a face para o outro lado, cismada,
temerosa... Isto há muito tempo. Depois veio a vida, perdi tantas pessoas
queridas que se foram para seu descanso eterno que, hoje, quando vou lá,
sento-me no túmulo da família, envolvo-me no silêncio, sinto-me ungida de paz.
Após fazer as orações, relembrar doces episódios, ponho-me a passear pelas
alamedas, visitando amigos, alunos, conhecidos, notando que nem a morte
consegue igualar os seres humanos. Há túmulos pomposos, outros tímidos na sua
simplicidade desnuda. As esculturas escuras guardam com seriedade seus mortos.
Pássaros voam, enfeitando o ar, as flores tentam dar lições de efemeridade.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Invejo os que têm uma fé de
carvoeiro, seguros, certos de seus posicionamentos, suas verdades. Eu vacilo,
mudo, analiso, tento entender, mas as dúvidas voltam sempre como moscas
renitentes. Confesso que leio muito a Bíblia, gosto do Livro Sagrado como
literatura, tenho meus Santos de predileção, rezo. Para quem? Para um possível
Deus, bondade suprema, que tudo vê, tudo entende e tudo perdoa. Faz bem para a
alma acreditar.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Em seu livro Boitempo, de 1968, Drummond
parece obcecado com a morte e o que viria depois. Usa, com amargura, o
neologismo “ morituros”, para os
seres humanos, aqueles que vão morrer. Muitos poetas famosos abordaram o tema
maior, às vezes, liricamente. O que mais atrai, no assunto, é sua dubiedade, o
mistério, a dúvida. Sob a mesma temática, é bom lembrar o belo soneto de
Gregório de Matos, o Boca do Inferno, antes da morte, falando com o Cristo,
diante do Crucifixo, colocando, inteligentemente, o Filho de Deus, em uma saia
justa. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Minha relação com os meus mortos é
doce e acalentadora. Sinto-os sempre perto, sonho, falo com eles, conto-lhes
alegrias e tristezas. Sua presença é tão forte, que amaina a amargura da
partida. E rezo. Rezo muito e, por que não dizer, peço-lhes, às vezes, que
intercedam diante dos Santos ou do Chefe Maior. Afinal, eles já cumpriram sua
missão. E por que não podem ser Anjos-da-Guarda? <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> O Dois de Novembro é dia de
recolhimento e muita oração. Existe algo melhor para a vida conturbada dos
vivos? Hosana aos que já se foram e conhecem hoje todas as respostas.<o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-43114430752833805122013-10-27T19:21:00.001-02:002013-10-27T19:21:57.388-02:00MENSAGEM À MINHA MÃE<div class="MsoNormalCxSpFirst">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-left: 70.8pt; mso-add-space: auto; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-left: 70.8pt; mso-add-space: auto; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="margin-left: 35.45pt; mso-add-space: auto; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">MENSAGEM À MINHA MÃE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Minha querida, agora em outubro, mês de
seu aniversário, faz um ano e meio que você partiu. O povo diz que o tempo
ameniza tudo. É falho. Cronus nos ludibria. Você não está mais aqui, embora eu
a sinta viva, próxima.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Vejo-a ainda, em sua cama, sorridente,
convidando-me para assistir a um filme, na televisão, ou na mesa, quando eu a
levava para saborear os pães-de-queijo que meu marido fazia. Você sempre teve
um ótimo apetite. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Estranho a casa sem você e ponho-me a
filosofar. Sempre fomos mais amigas que mãe e filha. Admirava sua vaidade.
Mesmo depois de noventa anos, adorava fazer as unhas, escolher cores de
esmalte. Uma vez por mês, vinham pintar seus cabelos, ainda belos, da cor que
você sempre apreciou, um loiro cor de trigo. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> E quando viemos de Minas para Ribeirão
Preto... Eu era quase uma menina, você tinha pouco mais de trinta anos. Bonita,
elegante, meu pai tinha ciúmes. Não gostava que saísse sozinha, mandava-me
acompanhá-la, para que os homens não lhe fizessem galanteios. Aí, eles faziam
às duas...<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Quando adolescente, comecei com os
namoricos; voltava emocionada para casa, a fim de lhe contar as novidades dos
amores prematuros, dos flertes. Você ria animada. Éramos cúmplices.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Fui estudar fora, em Belo Horizonte. Em
uma das férias, vim para casa e encontrei-a descuidada, com um cabelo feio,
vestidos de decote alto. Nem parecia minha mãe linda. Levei-a ao cabelereiro,
fez as unhas, começou a se maquiar, compramos um vestido rosa elegante,
decotado, que realçava seu belo colo.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Meu pai, espanhol bravo, ficou
enciumado. Que fez com sua mãe?! Mais tarde me confessou que você estava muito
mais bonita...Quando fui para a França, estudar em Paris, durante um ano,
recebia cartas suas, todos os dias. Eram enormes, com notícias. Às vezes você
ilustrava-as, com desenhos deliciosos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ah, minha mãe querida, amiga dileta,
mulher notável! Sempre foi muito religiosa, uma fé de carvoeiro, inabalável.
Eu, desde criança, era um mar de dúvidas. Depois de adulta, muitos sacerdotes
embaraçavam-se com meus questionamentos. Na escola, azucrinava os pobres
professores, perguntando tudo. Vida engraçada. Depois, professora, eu apreciava alunos
questionadores. Como esquecer a meninazinha da quinta série? Levantou a
mãozinha e perguntou: Professora, o que é orgasmo?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> A senhora riu muito do que fiz. Fechei
a porta da classe e rasguei o verbo, explicando claramente. As crianças ficaram
estáticas, quietinhas, na maior atenção... Em casa, contei-lhe o acontecido.
Você adorou meu relato. Outra vez, eu convidara os alunos da oitava série, para
assistir à série Anos Dourados. No
final, o narrador diz que uma das personagens casara virgem. No dia seguinte,
os alunos estavam alvoroçados. Como podia ser? Aparecia a garota tirando o sutiã,
abrindo a braguilha do rapaz e depois os dois deitavam-se atrás do sofá... <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Respondi que devia ser uma relação
sexual incompleta. Eles exigiram que eu detalhasse. Não dei conta. Chamei a
professora de Biologia e ela não titubeou. Pegou o giz, desenhou na lousa e
disse: Isto é um pênis. Isto, uma vagina. Aqui é o hímen. Cientificamente, pôs
a cartas na mesa. Os alunos ficaram atentos e sérios. Eu estava salva!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Em casa, você, de mente aberta, aplaudiu a professora. Ah, mãezinha, a vida é
bela. Mesmo você, aparentemente longe, continua sendo minha confidente.
Agradeço a Deus por deixá-la ficar comigo para sempre.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-75077605218939522442013-10-13T08:58:00.001-03:002013-10-13T08:58:35.721-03:00RECADO<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">RECADO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Tu
sabes que eu te respeito muito, querido Leitor. Um pedido teu é uma ordem. Enfatizo a tua importância e digo-te que nada teria sentido, quando escrevo, sem
ti. Tu és meu co-autor, meu comparsa. Hoje, no entanto, eu te falo como a um
irmão, meu sósia, xerox que somos de alma, de fraquezas e de grandezas misturadas,
fazedores de sonhos, perdedores de ilusões, mal informados na arte de viver, na
qual somos jogados como em uma louca partida, sem mesmo conhecer as regras do
jogo, a arbitragem, limites do campo, o tempo disponível e se há possibilidade
de prorrogação.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Tu
me pediste para publicar, de novo, os questionamentos abaixo, para tua
reflexão. Obedeço. Já pensei muito sobre tais perguntas. Tu te lembras? Eu
começo afirmando: <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> EU sou
TU, Tu me és, como diria Clarice Lispector. Se não acreditas, desarma-te,
esconde tuas garras e tuas tramas, tira todas tuas máscaras habituais e
responde: <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _ Nunca
te sentiste inseguro, vendo o mundo como um quebra-cabeça sem matriz e de onde
roubaram algumas peças?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _ Não foste, na adolescência, uma sarça
ardente de sonhos, um vulcão de entusiasmo, acreditando que o mundo ali estava
para ser conquistado?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Não te alimentaste do fervor e do fogo com o primeiro amor, para vê-lo logo
após te fugir das mãos, como areia em ampulheta maldita? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _ Não
fremiste com o primeiro beijo, o primeiro carinho, trilha encantada e depois
perdida para sempre? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _ Não foste um Sísifo rolando eterna pedra,
construindo castelos de sonhos que eram derrubados pelo tempo?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _ Nunca andaste sob as estrelas, pelas
madrugadas, cego pelas lágrimas que te escorriam pelo rosto?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Jamais foste traído pela pessoa querida, pelo ente amado, em quem punhas todas
as tuas esperanças?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
A vida não te pregou peças, atrapalhando teus planos, frustrando tuas
expectativas, fazendo-te de bufão, quando o teu papel era de rei?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Tu não juraste jamais te apaixonares de novo, quando teu amor morreu, e te
viste, de repente, outra vez, inexoravelmente louco de paixão?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Não prometeste ser forte, heróico, perfeito e sem explicação alguma foste
arrastado pelas tuas fraquezas? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Não bateste no peito, mil vezes, “mea culpa”, “mea culpa” e de novo teus velhos
pecados te possuíram, com fatídica renitência?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _Não
disseste, apaixonadamente, “Eu te amo para sempre!” e, em um átimo, já havias
esquecido a promessa?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Teus lábios não disseram tantas vezes “sim”, quando teu coração negava, ou tua
boca não pareceu mentir o que deveras sentias?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Não tiveste, como o Cristo, o teu Gólgota? <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Não sentes, ainda hoje, apesar de todo o Absurdo, uma obstinada Esperança?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> _
Não continuas servo da Morte, todavia um amante pertinaz da Vida?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Se nunca experimentaste isto, se jamais
conheceste esta rota, se achas que digo loucuras, se és diferente, então vai
embora, teu lugar não é aqui. Não és um ser humano.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 63.75pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3776357311889432757.post-50327982506162690102013-10-07T10:55:00.001-03:002013-10-07T10:55:54.166-03:00DO SOFRIMENTO<div class="MsoTitle">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;">DO
SOFRIMENTO<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> O sofrimento é algo inerente ao ser
humano. Uma segunda pele. Criatura imperfeita, ele almeja a perfeição. Mortal,
efêmero, ele sonha com a eternidade. Bicho cheio de carências e necessidades. O
sonho alimenta a alma inquieta; se não sonha, morre. Quando realiza alguma das suas mais íntimas aspirações, logo ela é
posta em segundo plano e o outro ideal a substitui, porque a alma é insaciável
e sequiosa. No deserto dos infortúnios, o sonho é um presente de grego que nasce com esse macaco
glabro e bípede, que talvez seja um
desvio, um acidente de percurso da Criação, por isso é frágil e inseguro. Às
vezes surge um oásis de verde alegria. Ela é sempre bela e fugaz. Por isso é
que felicidade é o mais abstrato dos substantivos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Por
que não ser simples e satisfazer-se com necessidades básicas? Companheiro(a),
filhos, casa, comida, dinheiro que dê para as premências diárias. Sem isso,
impossível viver. Mas por que só isso não basta? De onde vem a ânsia que não se
sabe de quê, os desejos mais insólitos e inconfessáveis, a certeza de que nada
poderá preencher esse vazio, a busca cega, força maior, desassossego contínuo,
paz inalcançável ? Surge o sofrimento , amigo inseparável do homem. Com
entendê-lo? Alguém inteligente, talentoso, profissional de renome, olha-me com
tristeza e filosofa: “Sou um Ph.d. em sofrimento”. É intrigante. Quais os
parâmetros que o fazem afirmar isso? O sofrimento pode ser uma carência
metafísica insanável? Reconhecendo-se um ser mortal, imperfeito e efêmero, em
essência, a felicidade, a alegria
tornam-se inatingíveis? Dostoievski afirmou que a maior desgraça do
homem é a lucidez. Enquanto o homem cria seus mitos e doura a pílula das
mazelas diárias, para suportar as incongruências da vida, o absurdo da
existência humana, ele pensa que é feliz. Faz ficção, mascara a realidade, vive
eufemicamente o decantado amor, a busca
pela rara paixão que os assinalados conseguem sentir, tudo são muletas, drogas
para não enlouquecer.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Os chamados realistas criticam o
amor-mistério, da cavalaria, herança de Camões, que depois passa pelo resgate
de Hollywood, com Casablanca, e desemboca nas novelas da Globo; é amor- ilusão,
de pseudo-adulto, que ficou emocionalmente entre a adolescência e a idade
madura, sentimento que não resiste à aspereza da realidade do mundo moderno.
São posicionamentos diversos. As relações dos seres humanos são complexas
demais para serem rotuladas. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Ora,
o que se pode fazer é tentar compreender a complexidade humana. Parafraseando o grande poeta Cassiano Ricardo:
Desde o momento em que se nasce, já se começa a sofrer. Se a vida é luta, busca
incontínua e vã para se conquistarem prêmios efêmeros, como coabitar com a
lucidez, ter sempre a tristeza como parceira, não se desesperar? O homem
reinventa a vida, com suas verdades, ainda que falsas, pesquisa, lê livros
imbecis de autoajuda (só se fossem escritos por Deus, sapiência suprema),
enfim, criam uma realidade insuportável e acaba, às vezes até nas suas ficções.
<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt;"> Enfim,
o que é sofrimento? É algo inerente, intrínseco ao homem. Talvez a felicidade,
seu antônimo, seja conseguir driblá-lo, durante toda a vida. Não são
importantes as armas escolhidas para essa luta terrível. O resultado é o que
conta.<o:p></o:p></span></b></div>
Ely Vieitez Lisboahttp://www.blogger.com/profile/10820197357787622908noreply@blogger.com3