A MUSA
DE CAMPO GRANDE
Raquel Naveira
deve ter feito um pacto com Atena, Deusa das Artes. Dotada de uma versatilidade
única, escreve prosa e verso, declama, leciona, tem um programa de TV e, em seu
dinamismo, corre o país dando palestras, declamando, participando ativamente da
vida cultural.
Nascida em Campo Grande, entende-se por que recebeu o epíteto de Emblema Sagrado da
Poesia Sul-mato-grossense. Laureada pela crítica, obteve Prêmios expressivos,
com elogios de grandes escritores e críticos literários.
É advogada e professora; isto talvez explique sua lucidez
e vasto conhecimento da língua portuguesa e a grande atração pela História, os
heróis e seus feitos. Mergulha nos mitos
e lendas dos mais diversos países, na Arte e daí sai plena de inspiração para
seus poemas.
Sua obra é rica e variada; entre outras, citem-se: Via Sacra (1989), Fonte Luminosa
(1990), Nunca Te-Vi (1991), Sob os Cedros do Senhor (1994), Senhora (1999),
Casa e Castelo (2002). Sobressai-se também no gênero da prosa poética e seu
livro infanto juvenil Pele de Jambo (1996) narra memórias da infância entre
dois mundos, o campo e a metrópole, alicerçadas na história, nos costumes e nas crenças, na
linguagem dos brasileiros e dos paraguaios da fronteira.
A obra Casa e Castelo, de RN, traz poemas dos livros Casa
de Tecla e Senhora. Poder-se-ia dar como característica dos poemas, a rica
inspiração recriando Mitos, personagens históricas, grandes escritores e poetas
e/ou telas famosas de pintores consagrados. É uma poesia atemporal, que vai da
Mitologia Grega, aos poetas românticos
como Castro Alves, ele mesmo um mito de juventude, ousadia e beleza: o poema
Carta a Antônio de Castro Alves, pelo romantismo e sensualismo forte, lembra a
figura do herói biografado por Jorge Amado.
A obra de Raquel Naveira tem características muito
marcantes, que realçam sobremaneira um grande sentimento telúrico, a clareza e
a poesia dos rios e dos igarapés. Ela é a Náiade do Pantanal, a fiandeira de histórias
lindas. A grande poetisa se insere nas lendas, torna-se personagem viva e
palpitante, no tempo circular e mítico. Ela parece sentir-se bem lá, no seu
reino, nos castelos, entre muralhas, nos adros, nas justas, com cavaleiros e seus brasões, arautos,
trovadores e menestréis.
Raquel habita os Mitos, a história de países mágicos,
convive com heróis e heroínas. Seu olhar perspicaz nada perde, perscruta. No
belo poema Rosalía, em homenagem à poetisa Rosalia de Castro, de Santiago de
Compostela (1837-1885). RN recria magistralmente, no poema, a figura, a vida, a
obra e os infortúnios da maior poetisa galega, com cores fortes, texto rico e
descritivo que se alteia, no final para o infinito, em uma visão macroscópica
notável.
Enfim, poder-se-ia nesta breve abordagem realçar três
características marcantes nos poemas da poeta Raquel Naveira: linguagem
figurada riquíssima, plena de alusões históricas, mitológicas e bíblicas; simplicidade
linguística, um forte e delicado sensualismo, que valoriza muito o lirismo
mágico desta poetisa notável.
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