BAZAR LITERÁRIO
Em
agosto, Nilva Mariani lançou mais um
livro, com o título Bazar Literário. Batizar uma obra requer cuidado e
sutilezas. O nome de batismo deste filho
mais recente da grande escritora foi muito bem escolhido. Ela está muito à
vontade, escolhendo textos sem
preconceito de gêneros, temas. Abre o livro com o belo poema A Magia da Palavra, publicado na Antologia Poética Ave, Palavra!
(Funpec-Editora, 2009). É um texto antológico, retrato vivo da escritora, por
sua erudição, filosofia, religiosidade, amor à Natureza e às Artes.
Logo a
seguir vêm poemas, intercalados de textos em prosa poética, como o “Se Eu
Pudesse Dizer” (páginas 34 e 35), de um lirismo delicado e um toque de
erotismo, quando canta a figura do pai, artista e poeta. Talento é genético?
Seguem verdadeiras aulas
preciosas de Teoria da
Literatura, como em O Poema em
Prosa (págs. 36,37,38), onde ela
enfatiza os sábios conceitos dos professor Massaud Moisés.
Nilva
conhece profundamente as literaturas Francesa, Portuguesa e Brasileira.
Nota-se, na primeira, uma predileção pelo autor mundialmente famoso, Proust.
Temos, em Bazar Literário, um capítulo sobre o grande romancista francês
(1871-1922), de quem se afirma que a história do romance tem duas faces, antes
e depois de Proust, autor de À
Procura do Tempo Perdido, título geral de um trabalho que engloba sete outros
romances. Segue-se um conto da própria Nilva,
sob o título Meu Conto de Proust, onde narra uma interessante experiência com as
“madalenas”; se em Paris as bolachinhas mágicas inspiraram Proust a escrever sua obra mais famosa, com Nilva, a
magia não aconteceu, talvez porque mudou geograficamente o episódio, transferindo-o para Lisboa...
A
partir da pág. 45, vem uma série de
textos (Crônicas?Contos?) , alguns com características mais visíveis do gênero
do conto, outros mais leves, como crônicas variadas sobre temáticas diversas,
como reminiscências, ou narrativas meio filosóficas, ou abordando assuntos
populares, como em Brasil X Brasil, Evoé, Momo!, ou ainda relembrando filmes
famosos e até um texto pitoresco, Montagem (pág. 72), no qual a autora joga com
uma série de títulos cinematográficos, em uma espécie de mixagem inteligente e
criativa.
Sem
nenhum preconceito ou critério especial,
há textos sobre Crianças (pequenas narrativas)
e em seguida, o didático A Reforma da Língua Portuguesa, o texto
alicerçado na Bíblia, Lições de Jesus. Assim, sem preocupação com a diversidade temática, seguem
reminiscências da infância, defesa da injustiçada classe do Professor,
problemas na Educação, alguns textos criticando a desonestidade e a corrupção
política.
A
partir da página 45 há uma série de textos , alguns com características mais
visíveis do gênero do conto, outras mais leves. Na página 125 inicia o
excelente artigo sobre Fernando Pessoa e o Ocultismo. Profundo, inteligente,
Nilva chama a atenção para caminhos diversos a serem estudados em Fernando
Pessoa. São veredas que a autora aponta.
Bazar
Literário é um livro rico, variado e atraente. No final, Nilva Mariani coloca
vários textos sobre sua obra, escritos por amigos e escritores, que realçam seu
importante papel na cultura e na literatura.
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