domingo, 13 de janeiro de 2013

SANGUE PORTUGUÊS


SANGUE PORTUGUÊS

         Conhecendo a formação de Raquel Naveira, pode-se avaliar melhor esta sua notável obra, Sangue Português, Arte&Ciência Eidtora, São Paulo, 2012. A Poeta é formada em Direito e em Letras, Mestre em Comunicação e Letras. Ela consegue algo raro, o equilíbrio de textos pedagógicos e poéticos, temperados com sua grande sensibilidade.
Leila V.B. Gouvêa é muito feliz no Prólogo Tributo à Lusofonia, quando afirma que o livro “compõe um variado painel didático-pedagógico que se insurge contra o esquecimento de um legado que diz respeito à identidade cultural de todos nós, que nos expressamos em língua portuguesa”.  Logo à frente, completa: “Os poemas de Sangue Português fazem-se acompanhar de notas explicativas que expõem a pesquisa multidisciplinar que fundamentou muitos dos versos e elucidam sobre os motivos tratados, detalhando as informações preliminares contidas no texto de apresentação do livro. Formato que reitera o perfil de lições poéticas dos textos e, assim, sua vocação preferencial para a leitura de um público amplo de professores e estudantes, convidando ao desdobramento de outras pesquisas”.
         Em Algumas Palavras sobre Sangue Português,  nossa grande poetisa faz a mais aberta e franca Profissão de Fé. O porquê do livro, seu amor irrestrito pelo país luso e a Língua Portuguesa. E na nota explicativa, após os dois primeiros poemas, o livro se transforma em um excelente instrumento de trabalho para aulas de Literatura e de História.  Raquel consegue, nesta obra, algo inusitado: são lições de cultura, abordando episódios, feitos e personagens famosas de Portugal, Espanha e do Brasil, sem que o lirismo e a beleza poética percam em essência.
         Ora, para conseguir este raro feito, RN usa um procedimento literário  notável, ela tem uma tendência singular, que faz dos poemas, arte verdadeira: apaixona-se pelas personagens históricas, principalmente as trágicas, atormentadas. Em sua magia poética, transporta-se até elas, vive junto delas e, às vezes, até se transforma nelas, em uma consubstanciação mágica de grande lirismo.
Em Biblioteca de Mafra, além da beleza do ritmo, das rimas, enfatiza-se o amor ardoroso pelos livros, pela literatura. A partir da comparação; “Os livros eram como vinho,/ Amadurecidos/ Vindos / De remotas colheitas/ De antigas safras/ Tanta beleza/ Tantas vozes/ Deixaram-me tonta / De uva e tinta”,  o poema enaltece sua beleza, a eternidade e a linda metáfora  realça, de novo, o mistério da consubstanciação poética de Raquel e a História de Portugal.
Ler Sangue Português é uma aventura de beleza e ensinamentos valiosos.  História, Literatura, Mitologia, a Bíblia são as fontes onde Raquel Naveira  vai beber e inspirar-se. Na sua cultura e sensibilidade, consegue algo intrigante, no ultimo poema Alma e Lama: a união da teoria de Darwin, em A Origem das Espécies e o Criacionismo Cristão.  Ela é uma sacerdotisa, uma criatura mágica que perambula por um mundo sem fronteiras, sem limites entre a realidade histórica e a ficção, tudo iluminado por sua perspicácia e inteligência.
Esta obra de RN deveria estar em todas as Bibliotecas das Universidades de Espanha, Portugal e do Brasil.  O livro traz lições únicas  da História, de personagens, costumes e é, principalmente, um Hino à Língua Portuguesa.

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