SANGUE PORTUGUÊS
Conhecendo
a formação de Raquel Naveira, pode-se avaliar melhor esta sua notável obra,
Sangue Português, Arte&Ciência Eidtora, São Paulo, 2012. A Poeta é formada
em Direito e em Letras, Mestre em Comunicação e Letras. Ela consegue algo raro,
o equilíbrio de textos pedagógicos e poéticos, temperados com sua grande
sensibilidade.
Leila V.B. Gouvêa é muito feliz no Prólogo
Tributo à Lusofonia, quando afirma que o livro “compõe um variado painel
didático-pedagógico que se insurge contra o esquecimento de um legado que diz
respeito à identidade cultural de todos nós, que nos expressamos em língua
portuguesa”. Logo à frente, completa:
“Os poemas de Sangue Português fazem-se acompanhar de notas explicativas que
expõem a pesquisa multidisciplinar que fundamentou muitos dos versos e elucidam
sobre os motivos tratados, detalhando as informações preliminares contidas no
texto de apresentação do livro. Formato que reitera o perfil de lições poéticas
dos textos e, assim, sua vocação preferencial para a leitura de um público
amplo de professores e estudantes, convidando ao desdobramento de outras
pesquisas”.
Em
Algumas Palavras sobre Sangue Português,
nossa grande poetisa faz a mais aberta e franca Profissão de Fé. O
porquê do livro, seu amor irrestrito pelo país luso e a Língua Portuguesa. E na
nota explicativa, após os dois primeiros poemas, o livro se transforma em um
excelente instrumento de trabalho para aulas de Literatura e de História. Raquel consegue, nesta obra, algo inusitado:
são lições de cultura, abordando episódios, feitos e personagens famosas de
Portugal, Espanha e do Brasil, sem que o lirismo e a beleza poética percam em
essência.
Ora,
para conseguir este raro feito, RN usa um procedimento literário notável, ela tem uma tendência singular, que faz
dos poemas, arte verdadeira: apaixona-se pelas personagens históricas,
principalmente as trágicas, atormentadas. Em sua magia poética, transporta-se até
elas, vive junto delas e, às vezes, até se transforma nelas, em uma
consubstanciação mágica de grande lirismo.
Em Biblioteca de Mafra, além da beleza do
ritmo, das rimas, enfatiza-se o amor ardoroso pelos livros, pela literatura. A
partir da comparação; “Os livros eram como vinho,/ Amadurecidos/ Vindos / De
remotas colheitas/ De antigas safras/ Tanta beleza/ Tantas vozes/ Deixaram-me
tonta / De uva e tinta”, o poema
enaltece sua beleza, a eternidade e a linda metáfora realça, de novo, o mistério da
consubstanciação poética de Raquel e a História de Portugal.
Ler Sangue Português é uma aventura de beleza
e ensinamentos valiosos. História,
Literatura, Mitologia, a Bíblia são as fontes onde Raquel Naveira vai beber e inspirar-se. Na sua cultura e
sensibilidade, consegue algo intrigante, no ultimo poema Alma e Lama: a união
da teoria de Darwin, em A Origem das Espécies e o Criacionismo Cristão. Ela é uma sacerdotisa, uma criatura mágica
que perambula por um mundo sem fronteiras, sem limites entre a realidade
histórica e a ficção, tudo iluminado por sua perspicácia e inteligência.
Esta obra de RN deveria estar em todas as Bibliotecas
das Universidades de Espanha, Portugal e do Brasil. O livro traz lições únicas da História, de personagens, costumes e é,
principalmente, um Hino à Língua Portuguesa.
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