FÁBULAS E PARÁBOLAS
Fábulas e parábolas são narrativas
curtas, de tempos imemoriais. Elas dão lições, tentam ensinar da maneira mais
simples; no final, há sempre um ensinamento, às vezes chamado moral da
história. Fedro é dado como o introdutor do gênero. É de sua autoria o
famosíssimo texto O Lobo e o Cordeiro. Todavia,
o nome mais expressivo das Fábulas é Esopo, grego que nasceu em 620 a.C. e
morreu em 564 a.C. No século XVII, La Fontaine, francês nascido em 1621, reescreveu
as fábulas de Esopo, em linguagem clássica, modernizando as narrativas; há
também algumas escritas por ele; cite-se como exemplo a deliciosa La Jeune Veuve.
Jesus Cristo ensinava por Parábolas,
algumas famosíssimas, vide a do Semeador, plena de sabedoria. Dizem que
utilizava o gênero, para ser facilmente compreendido pelo povo. Nosso Mestre
entendia de Pedagogia...
Às vezes se misturam os conceitos de
Parábola, Fábula e Apólogo. Tentemos dar uma diferença simples: A Parábola dá
uma lição de ética, através de prosa metafórica, para transmitir sabedoria. O
termo vem do grego “parabole”. A Fábula, em geral, apresenta animais como
personagens; eles agem como os seres humanos, com seus vícios e fraquezas. A
moral vem em uma frase, no final da narrativa. O Apólogo é um gênero alegórico.
São lições de vida, através de situações semelhantes às reais, envolvendo
pessoas, objetos ou animais, seres animados ou inanimados. Um dos Apólogos mais
famosos é A Agulha e a Linha, de Machado de Assis.
Uma das Fábulas mais conhecidas, A Cigarra
e a Formiga, foi reescrita até hoje, por muitos escritores. No entanto, ela é
deliciosa na visão da nossa Emília, a contestadora, a personagem mais famosa de
Monteiro Lobato. Quem não conhece a historieta, realçando, enfatizando o valor
do trabalho e da poupança? A Formiga era precavida, trabalhadeira, prática. A
Cigarra, boêmia, boa vida, cantava e dançava. No inverno, doente, fraquinha, a
Cigarra pede ajuda à Formiga. Esta, nada cristã, bate a porta na carinha da
Cigarra e ainda lhe dá uma lição de moral: Não cantou o tempo todo? Agora
dance... Emília detestou a Formiga, amou a Cigarra e reescreveu o final da
Fábula: Quando a Cigarra bate à porta da Formiga, esta abre e vê a Cigarra
linda, bem vestida, com um casaco de vison. Nossa artista diz à Formiga: Quer
alguma coisa de Paris? Fui contratada para cantar e dançar no Olimpia, com
excelente cachê! A Formiga, furiosa, lhe diz: Conhece um tal de La Fontaine? Se
o encontrar lá, mande-o para o inferno!
Assim são as Fábulas, eternas. Sua
interpretação é riquíssima. Há uma delas, moderna, que já foi citada por muitos
e até contada em filmes. É a da Rã e do Escorpião: Houve um dilúvio e o
Escorpião chega perto da Rã, todo cavalheiro e lhe propõe que a Rã o atravesse
para o outro lado. Os dois seriam salvos. Ao que a Rã retruca: Cuidado, se você
me picar, morreremos os dois. “Você está louca, amiga Rã! Jamais farei isto!”.
E lá vão os dois, atravessando o mar de águas turvas e perigosas. De repente, o
Escorpião pica a Rã... Ela, moribunda, lhe diz: “Por Deus, por que fez isto?!
Ambos vamos morrer!”. O Escorpião responde: “Não consegui deixar de fazê-lo. É
minha natureza...”.
Gosto muito dessa fábula moderna. Pela
vida a fora, eu, Rã por natureza, credulidade ou ignorância, dei muita carona a
Escorpiões de várias espécies. E haja picadas... Não me mataram, no sentido
denotativo do verbo. Talvez apenas arranharam a minha crença nos seres humanos.
Ely
ResponderExcluirMaravilhosa reflexão. Machado de Assis quem há de questionar. Monteiro Lobato nosso editor maior. Hoje palavras gostaria de deixar neste espaço. Mas foram elas que me enredaram. Escreveram-me até e eis a superação : (Escorpiões, internos - Tórtoro não poderia ter se expressado melhor. Olhos os temos ao exterior!)
Porém, em retórica, foi o pódio que me envolveu e compartilho à mestra que és, sabedora de que seu olhar crítico saberá adentrar o universo desta que escreve. http://retalhosdeleituras.blogspot.com.br/2013/09/superacao.html
Querida Inajá,
ResponderExcluirVocê, querida, e seus sábios comentários. Gostaria tanto de saber mais sobre você! Não sei nem onde mora... Acho que vou até seu Blog para conhecê-la um pouco mais. É importante saber muito sobre criatura tão iluminada e sábia
Abraços.
Ely
Querida escritora amiga Ely
ResponderExcluirConheci você em Ribeirão Preto. Naquela época eu prestava serviços como Coordenadora de Bibliotecas para o Programa Ribeirão das Letras, na Secretaria da Cultura, na gestão Secretário da Cultura Galeno Amorim. Anos gloriosos. Hoje resido em São Carlos, na monitoria de aulas para jovens http://encontrosdepalavras.blogspot.com.br/.
Tenho um sobrinho aí em Ribeirão. Vez ou outra estou aí. Qualquer momento vamos marcar encontro. Será prazer imenso nossa conversa. Um beijo e abraço apertado. Admiro demais tua postura impoluta, teus escritos coroados de lição e sabedoria. Aprendo a cada edição. Obrigada pelo carinho.
Querida "Dona" Ely. procurando por amigos na internet, eis que deparo-me com o seu blog. Fui seu aluno há mais ou menos 40 anos, no Eugenia Vilhena de Moraes, e lendo seus textos, descobri o porque de gostar de ler, gostar de arte, porque tive a honra de tê-la como mestre. Fiquei fã do blog Replantio de Outono. Meu nome é Pedro Luiz Facincani, sou cirurgião dentista, moro em Uberlândia-MG , tenho 4 filhos 3 homens do primeiro casamento e uma menina de 4 anos do segundo casamento. Minhas irmãs também estudaram na escola , Inalda e Ivany. A minha turma tinha, o Hélcio Luiz Defino, Custodio Eduardo, Marcelo Hirono, Marcos Yamada, Paulo Moretti, Robson e Ronaldo filhos da Diretora Lygia. Gostei muito do texto Fabulas e Parábolas, e todos nós quando nascemos e crescemos temos o realismo ingênuo, de acreditarmos que as coisas, os seres humanos são aquilo que parecem ser, mas com o passar do tempo, a nossa experiência nos mostra ser algo muito diferente. Abraços, ah! só mais uma coisa, adorei Carta Aberta a Deus, não tenho o dom de escrever, mas este texto é um daqueles que gostaria de tê-lo escrito, e foi um delicioso presente lê-lo.
ResponderExcluirQuerida Inajá,
ResponderExcluirObrigada por tantos elogios. Será um enorme prazer quando pudermos nos encontrar.
Beijos.
Ely
Querido Pedro,
ResponderExcluirReencontrar amigos e pessoas queridas, após tantos anos, é sempre uma grande alegria! De repente, como uma magica, um menino surge do passado, dizendo que é hoje cirurgião dentista, advogado, médico, juiz, enfim, é por esta razão que o magistério é a mais linda profissão do mundo! E escrever, quando se encontra um leitor sensível e perspicaz, realmente ´gratificante. Amo tanto o magistério , e deve ser isto que explica eu ter dado aulas cinquenta e dois anos... Há grandes compensações em gostar de ler e de escrever: tenho treze livros publicados, escrevo hoje em quatro jornais, fui eleita Escritora Local homenageada na Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto de 2014.. Ela acontecerá em maio. Quem sabe você poderia visitá-la. Seria um enorme prazer. Continue visitando meu Blog.
Abraços carinhosos para você e família.
Ely