MITO E REALIDADE
A Pedra
Filosofal é a fórmula que os alquimistas tentaram descobrir para transmudar
metais comuns em ouro.
Conta o mito que o homem, obcecado por encontrar tal tesouro,
de tudo esqueceu, família, amor, sonhos. Envelheceu na procura. E no final,
alquebrado, viu, com surpresa, que seu cinto, as sandálias, tudo virara ouro.
Em algum lugar ele tocou na pedra valiosa. Ia tão cheio de ambição que não
percebeu. A moral da fábula é evidente. Poder-se-ia ampliar o conceito de Pedra
Filosofal, enriquecê-lo. Elas são várias, de diferentes tipos. Há a pedra-amor,
a pedra-amizade, a pedra-profissão, a pedra-realização pessoal. É nesse sentido amplo que os maçons
usam uma assertiva interessante: é preciso lapidar a Pedra Filosofal.
Pressupõe-se que a lapidação é ato posterior ao conseguir, achar. Na realidade,
não deveríamos lapidar todos os nossos dons? Muito será exigido a quem muito
foi dado, pregam os Evangelhos. Assim, os dons mais variados são distribuídos
aos seres humanos. Não há escala de valores, não há dons mais ou menos
importantes. Na verdade, a sabedoria está em burilá-los, desenvolvê-los; ser
grande até nas mínimas coisas. Nada exclui, tudo será computado.
Nas Lojas Maçônicas há uma Sala de
Reflexão. Grande ideia! Por que não criar uma nas escolas, nas casas? Cada lar
viraria uma Igreja Doméstica, para cultivar a espiritualidade. Talvez seja este
um dos antídotos contra a violência. Evidentemente, não é a panaceia para todos
os males, apenas uma ajuda.
Voltemos à Pedra Filosofal. Há termos
carregados de sentido. PEDRA é um deles. Semântica riquíssima. Na língua portuguesa (e
em outras latinas) há expressões interessantes: pedra de toque _meio
de avaliar, aferir, o nó do problema; pedra fundamental _ início; pedra angular _ alicerce;
biblicamente também o termo é rico. Há expressões pejorativas: pedra
no sapato; pedra de tropeço;
pedra de escândalo; com quatro pedras na mão; não deixar pedra sobre pedra; ser de pedra; pôr uma pedra em
cima (de um assunto); atirar a primeira pedra (do episódio bíblico); de pedra e cal _muito unido; dormir como uma
pedra; tirar leite de pedra; carregar pedras enquanto se descansa (trabalho
estafante).
Não se pode falar no termo, sem citar o
mito de Sísifo, símbolo do homem rolando persistentemente sua grande pedra, e
ela, quando chega ao cume, volta ao sopé da montanha. Nós e a luta renhida para
o aperfeiçoamento como seres humanos; isso só é possível, substituindo sonhos.
Não é casual (na vida, na História, nada
é) que o Cristo elegeu Pedro: “Tu és Pedro, sobre esta pedra edificarei minha
Igreja e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela” (Mateus,16,18).
É, portanto correto afirmar que a
linguagem é a pedra angular do relacionamento humano, elemento de união ou arma
letal. Cabe a nós usar com sabedoria esta dádiva de Deus, assim como o livre
arbítrio. Mal usados, viram um presente de grego... Cumpre aos homens utilizar bem a Palavra.
Isto é um privilégio, talvez a Pedra Filosofal procurada.
Querida professora Ely. Como já disse uma vez, você fez com que eu gostasse de ler, e a cada texto seu que leio, vejo o quanto gosto de sua maneira de escrever, és um tipo de pedra também, és pedra preciosa.
ResponderExcluirFiquei muito feliz pela sua escolha como escritora para a Feira do Livro de 2014 em Ribeirão. Tenho uma passagem engraçada numa das Feira que ocorreu , não me lembro bem o ano. Eu , meus filhos e irmas estávamos na Praça XV olhando alguns livros, quando de longe vi um japones cercado por algumas pessoas, na hora virei e disse para minha irmã "Olha lá quem vem vindo, Matinas Suzuki" ao que ela me corrigiu, " Içami tiba, rsrssr. Vou sempre em maio para Ribeirão para a festa de Santa Rita, no Jardim Independência, irei a Feira e quem sabe possamos nos encontrar . Abraços Pedro Luiz Facincani
Querido Pedro Luiz, será um prazer encontrá-lo na Feira do Livro-2014. Quanto tempo! Você era um menino... Enquanto isso vamos nos encontrando através do meu Blog. Seus comentários são inteligentes e sensíveis.
ExcluirAbraço.
Ely