terça-feira, 27 de agosto de 2013

QUANDO SETEMBRO VIER

QUANDO SETEMBRO VIER

Ao ler o título acima lembro-me do Projeto homônimo, que consegui concretizar, durante onze anos. Em todo setembro, eu convidava alunos, jovens poetas de Ribeirão Preto e cidades da região, para virem ao    SESC, declamar seus poemas. Certa vez havia quatro ônibus de cidades vizinhas e o Auditório ficou repleto. Era gratificante, apareciam textos ótimos, mas algo me entristecia: os meninos, os jovens talentosos traziam poemas lindos, mas os liam com vozinha fraca, sem nenhuma expressão. Criativos, todavia mal preparados, matavam a beleza de sua obra. Tentei enriquecer os Encontros, convidando também jovens músicos.
Hoje, no entanto, falo de outro setembro, do presente, do agora. Ora, vivo em Ribeirão desde o final da década de 40, quando eu era ainda uma adolescente. Em 1996 recebi o título de cidadã ribeirão- pretana, oficializando assim, o grande amor clandestino. Amo esta cidade acima de qualquer outra. Até a linda Belo Horizonte, rodeada pelas montanhas mágicas e coloridas, ao entardecer... E nunca presenciei algo idêntico ao que está acontecendo agora na muito minha Ribeirão.
A Cidade tem quatro Academias de Letras, A Casa do Poeta e do Escritor, a UEI (União dos Escritores Independentes), o Grupo dos Médicos Escritores e em 2014 haverá a Décima Quarta Edição da Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, já famosa em todo o País e até no Exterior. Sabe-se que Ribeirão tem o maior número de Faculdades per capita. Enfim, a Cidade tem tudo para ser digna de um antigo epíteto, A Capital da Cultura. Para estímulo maior, amantes da literatura, grandes ativistas literários, apresentam Programas líteros - musicais, organizam Saraus que vão ficando famosos, como os de Irene Coimbra, no Hotel Nacional. Mensalmente, um público de mais ou menos cem pessoas comparece a esses encontros para ouvir falar de literatura, escutar boa música  e declamações.
Contudo, nada é perfeito.  Os   Sodalícios enfrentam problemas diversos, a Feira Nacional do Livro faz sucesso graças ao trabalho insano e notável de pessoas idealistas, como Isabel de Farias, Heliana Silva Palocci (que se afastou do cargo da vice-presidência, cedendo-o a outra mulher brilhante, Adriana Silva), o nosso quixotesco Edgard de Castro, contando agora  com a ajuda da competente Viviane Mendonça e mais um verdadeiro exército de voluntários, que tem conseguido dar brilhantismo ao mais importante evento cultural da Cidade.
Na contramão, críticos de plantão, pessimistas e amargos (gente até muito inteligente, escritores e articulistas) alertam sobre os erros, não mencionando os acertos. A crítica ácida nada ajuda. Por que não estimulam os movimentos, participando, dando sugestões?
Pode parecer otimismo infundado ou até ingênuo, mas conhecendo de perto a Feira Nacional do Livro  de Ribeirão Preto, a incrível evolução do teor literário dos Concursos, que têm descoberto ótimos escritores, a grande quantidade de gente escrevendo, interessando-se pela literatura, os Saraus,  Editoras lançando gente nova, obras variadas, tudo alimenta a esperança de uma messe farta, que, se não resolver os problemas sociopolíticos cruciantes, é um bálsamo, uma certa luz.
Não deixemos nos cobrir com a cinza do pessimismo, evitemos a cegueira daqueles que nunca aprenderam ou se esqueceram da grandeza humana. Esperança e otimismo não fazem mal a ninguém. Muito pelo contrario.


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