QUANDO SETEMBRO VIER
Ao ler
o título acima lembro-me do Projeto homônimo, que consegui concretizar, durante
onze anos. Em todo setembro, eu convidava alunos, jovens poetas de Ribeirão
Preto e cidades da região, para virem ao SESC,
declamar seus poemas. Certa vez havia quatro ônibus de cidades vizinhas e o
Auditório ficou repleto. Era gratificante, apareciam textos ótimos, mas algo me
entristecia: os meninos, os jovens talentosos traziam poemas lindos, mas os
liam com vozinha fraca, sem nenhuma expressão. Criativos, todavia mal preparados,
matavam a beleza de sua obra. Tentei enriquecer os Encontros, convidando também
jovens músicos.
Hoje,
no entanto, falo de outro setembro, do presente, do agora. Ora, vivo em
Ribeirão desde o final da década de 40, quando eu era ainda uma adolescente. Em
1996 recebi o título de cidadã ribeirão- pretana, oficializando assim, o grande
amor clandestino. Amo esta cidade acima de qualquer outra. Até a linda Belo
Horizonte, rodeada pelas montanhas mágicas e coloridas, ao entardecer... E
nunca presenciei algo idêntico ao que está acontecendo agora na muito minha
Ribeirão.
A
Cidade tem quatro Academias de Letras, A Casa do Poeta e do Escritor, a UEI
(União dos Escritores Independentes), o Grupo dos Médicos Escritores e em 2014
haverá a Décima Quarta Edição da Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, já
famosa em todo o País e até no Exterior. Sabe-se que Ribeirão tem o maior
número de Faculdades per capita. Enfim, a Cidade tem tudo para ser digna de um
antigo epíteto, A Capital da Cultura. Para estímulo maior, amantes da
literatura, grandes ativistas literários, apresentam Programas líteros - musicais,
organizam Saraus que vão ficando famosos, como os de Irene Coimbra, no Hotel
Nacional. Mensalmente, um público de mais ou menos cem pessoas comparece a esses
encontros para ouvir falar de literatura, escutar boa música e declamações.
Contudo,
nada é perfeito. Os Sodalícios enfrentam problemas diversos, a
Feira Nacional do Livro faz sucesso graças ao trabalho insano e notável de
pessoas idealistas, como Isabel de Farias, Heliana Silva Palocci (que se
afastou do cargo da vice-presidência, cedendo-o a outra mulher brilhante,
Adriana Silva), o nosso quixotesco Edgard de Castro, contando agora com a ajuda da competente Viviane Mendonça e
mais um verdadeiro exército de voluntários, que tem conseguido dar brilhantismo
ao mais importante evento cultural da Cidade.
Na
contramão, críticos de plantão, pessimistas e amargos (gente até muito
inteligente, escritores e articulistas) alertam sobre os erros, não mencionando
os acertos. A crítica ácida nada ajuda. Por que não estimulam os movimentos,
participando, dando sugestões?
Pode
parecer otimismo infundado ou até ingênuo, mas conhecendo de perto a Feira
Nacional do Livro de Ribeirão Preto, a
incrível evolução do teor literário dos Concursos, que têm descoberto ótimos
escritores, a grande quantidade de gente escrevendo, interessando-se pela
literatura, os Saraus, Editoras lançando
gente nova, obras variadas, tudo alimenta a esperança de uma messe farta, que,
se não resolver os problemas sociopolíticos cruciantes, é um bálsamo, uma certa
luz.
Não
deixemos nos cobrir com a cinza do pessimismo, evitemos a cegueira daqueles que
nunca aprenderam ou se esqueceram da grandeza humana. Esperança e otimismo não
fazem mal a ninguém. Muito pelo contrario.
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