UM DOS MALES DO NOSSO
SÉCULO
Há temas importantes que, por sua complexidade, devem ser
evitados. É o caso da falência do
Ensino, síndrome de sintomas evidentes, facilmente comprovados, de diagnóstico simples
e terapêuticas quase impossíveis, praticamente utópicas. Evito falar no assunto,
embora me preocupe muito e, quando o faço, sinto-me um João Batista pregando no
deserto. Então, por que abordá-lo? É a angústia diante de notícias, jornais
televisivos, a realidade dura e cruel, como um tapa.
Sabe-se que até a Década de Setenta havia
poucas Escolas, principalmente as Públicas, um número diminuto de Faculdades;
foi quando se deu a chamada Democratização do Ensino. Floresceram escolas dos
Cursos Fundamental, Médio e Superior; elas se alastraram pelo País, mas
descuidou-se da qualidade, como um grande prédio, de alicerce fraco. E a
realidade está aí para comprovar: Ensino falho, alunos que no hoje Fundamental,
às vezes não conseguem fazer as quatro operações e não sabem ler, nem escrever.
Universitários mal formados, professores despreparados.
Congressos, especialistas apresentam os
diagnósticos cuidadosamente elaborados. As causas são apontadas: desagregação
familiar, inversão de valores, falta de apoio político, problemas
socioeconômicos gritantes. E a chaga terrível se alastra, com o adubo, o insumo
maldito das drogas. É bem verdade que o problema é globalizado, com algumas
diferenças. Discute-se exaustivamente a problemática em Congressos, no entanto
não surgem soluções concretas.
Detecta-se, no Brasil, que se lê muito
pouco e o resultado é evidente: quem não lê, não escreve. É bizarro conhecer bem a doença e o antídoto,
todavia a cura continua difícil, principalmente por uma afirmativa frívola
entre os jovens, dizendo que não gostam de ler. É preciso alertá-los, hoje
mais do que nunca, que ler não é entretenimento, é necessidade ingente, é
remédio contra a ignorância, é cura para quem fala mal, tem pobreza de
vocabulário e não sabe redigir. E mais: ler, escrever e falar bem são instrumentos
preciosos para o sucesso profissional.
Por que falar nesse tema tão desgastado? É
que tem surgido alguma esperança: as Feiras do Livro, muitas já famosas,
Projetos estimulando a leitura, em Alagoas, em Roraima, no Pará e Rio Grande do
Sul, onde se disponibiliza opção de leitura a bordo dos ônibus intermunicipais,
a implantação de Bibliotecas em várias
cidades do País. Nas Escolas Estaduais e Municipais de Ribeirão Preto há alguns
projetos de estímulo à leitura. É necessário começar pela base, tentando
formar pequenos leitores e assegurar que eles não percam o hábito até o final
do Ensino Fundamental e do Médio. Os
pais e a Escola precisam ficar atentos a mais este problema.
Ora, dia 8/7, no jornal A Cidade, saiu uma
matéria preocupante: Por dia, 6 alunos largam a Escola, em Ribeirão Preto. Em
2012, dois mil e oitocentos alunos registrados, abandonaram os estudos. São várias as causas, principalmente pela
péssima qualidade do ensino. O problema é tão grave, que merece outro texto, um
comentário mais minucioso.
Vejo na face do leitor um sinal de reprovação
e muitas perguntas. Dirá: com tantos problemas e dificuldades que o povo
enfrenta, em casa, na cidade, no País, como cuidar de mais esta tarefa árdua?
Como estabelecer prioridades? Realmente, a vida é luta renhida, briga de foice
na pinguela, tiroteio no escuro, batalhas contínuas, guerra. Mas quem disse que
a vida é fácil? Não é. Hoje e sempre.
Cara escritora Ely
ResponderExcluirBem fundamentadas tuas palavras. Preocupa-nos realmente sobremaneira, a condução de nossa educação. A geração dos séculos vindouros. O nivelar do linguajar coloquial adentrando nossas escolas... Triste pensar. Precisamos repensar nossos valores. Retornar aos primórdios. Fazer prevalecer nossa língua mãe. Apontar os erros, as deficiências, mas também trabalhar para que acertos se façam prevalecer ante o caos que a sociedade tenta se afundar. Organizar nossas ideias. Colocá-las a funcionar. Trabalho árduo, mas não impossível. O tema foi abordado em sala de aula, com os poucos alunos que temos dentro do projeto RASC aqui em São Carlos. Ótimo artigo. Bela reflexão. Parabéns sempre. Obrigada pelas sugestões e por este momento.
Sábias palavras, querida Inajá. Só que o problema acima é apenas mais um, não só brasileiro, mas globalizado. Ele e outros têm uma característica em comum. Diante deles é fácil detectar as causas, mas quase utópico encontrar as soluções.
ResponderExcluirAbraço.
Ely