domingo, 21 de julho de 2013

UM DOS MALES DO NOSSO SÉCULO

UM DOS MALES DO NOSSO SÉCULO
     
Há temas importantes que, por sua complexidade, devem ser evitados. É         o caso da falência do Ensino, síndrome de sintomas evidentes, facilmente comprovados, de diagnóstico simples e terapêuticas quase impossíveis, praticamente utópicas. Evito falar no assunto, embora me preocupe muito e, quando o faço, sinto-me um João Batista pregando no deserto. Então, por que abordá-lo? É a angústia diante de notícias, jornais televisivos, a realidade dura e cruel, como um tapa.
      Sabe-se que até a Década de Setenta havia poucas Escolas, principalmente as Públicas, um número diminuto de Faculdades; foi quando se deu a chamada Democratização do Ensino. Floresceram escolas dos Cursos Fundamental, Médio e Superior; elas se alastraram pelo País, mas descuidou-se da qualidade, como um grande prédio, de alicerce fraco. E a realidade está aí para comprovar: Ensino falho, alunos que no hoje Fundamental, às vezes não conseguem fazer as quatro operações e não sabem ler, nem escrever. Universitários mal formados, professores despreparados.
         Congressos, especialistas apresentam os diagnósticos cuidadosamente elaborados. As causas são apontadas: desagregação familiar, inversão de valores, falta de apoio político, problemas socioeconômicos gritantes. E a chaga terrível se alastra, com o adubo, o insumo maldito das drogas. É bem verdade que o problema é globalizado, com algumas diferenças. Discute-se exaustivamente a problemática em Congressos, no entanto não surgem soluções concretas.
       Detecta-se, no Brasil, que se lê muito pouco e o resultado é evidente: quem não lê, não escreve.  É bizarro conhecer bem a doença e o antídoto, todavia a cura continua difícil, principalmente por uma afirmativa frívola entre os jovens,  dizendo que  não gostam de ler. É preciso alertá-los, hoje mais do que nunca, que ler não é entretenimento, é necessidade ingente, é remédio contra a ignorância, é cura para quem fala mal, tem pobreza de vocabulário e não sabe redigir. E mais: ler, escrever e falar bem são instrumentos preciosos para o sucesso profissional.
    Por que falar nesse tema tão desgastado? É que tem surgido alguma esperança: as Feiras do Livro, muitas já famosas, Projetos estimulando a leitura, em Alagoas, em Roraima, no Pará e Rio Grande do Sul, onde se disponibiliza opção de leitura a bordo dos ônibus intermunicipais, a implantação de  Bibliotecas em várias cidades do País. Nas Escolas Estaduais e Municipais de Ribeirão Preto há alguns projetos de estímulo à leitura.   É necessário começar pela base, tentando formar pequenos leitores e assegurar que eles não percam o hábito até o final do Ensino Fundamental e do Médio.  Os pais e a Escola precisam ficar atentos a mais este problema.
     Ora, dia 8/7, no jornal A Cidade, saiu uma matéria preocupante: Por dia, 6 alunos largam a Escola, em Ribeirão Preto. Em 2012, dois mil e oitocentos alunos registrados, abandonaram os estudos.  São várias as causas, principalmente pela péssima qualidade do ensino. O problema é tão grave, que merece outro texto, um comentário mais minucioso.              
      Vejo na face do leitor um sinal de reprovação e muitas perguntas. Dirá: com tantos problemas e dificuldades que o povo enfrenta, em casa, na cidade, no País, como cuidar de mais esta tarefa árdua? Como estabelecer prioridades? Realmente, a vida é luta renhida, briga de foice na pinguela, tiroteio no escuro, batalhas contínuas, guerra. Mas quem disse que a vida é fácil? Não é. Hoje e sempre.



2 comentários:

  1. Cara escritora Ely

    Bem fundamentadas tuas palavras. Preocupa-nos realmente sobremaneira, a condução de nossa educação. A geração dos séculos vindouros. O nivelar do linguajar coloquial adentrando nossas escolas... Triste pensar. Precisamos repensar nossos valores. Retornar aos primórdios. Fazer prevalecer nossa língua mãe. Apontar os erros, as deficiências, mas também trabalhar para que acertos se façam prevalecer ante o caos que a sociedade tenta se afundar. Organizar nossas ideias. Colocá-las a funcionar. Trabalho árduo, mas não impossível. O tema foi abordado em sala de aula, com os poucos alunos que temos dentro do projeto RASC aqui em São Carlos. Ótimo artigo. Bela reflexão. Parabéns sempre. Obrigada pelas sugestões e por este momento.

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  2. Sábias palavras, querida Inajá. Só que o problema acima é apenas mais um, não só brasileiro, mas globalizado. Ele e outros têm uma característica em comum. Diante deles é fácil detectar as causas, mas quase utópico encontrar as soluções.
    Abraço.
    Ely

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