JANEIRO
Os meses do ano têm características próprias bem definidas.
Janeiro é sinônimo de recomeço, esperança da concretização dos sonhos falidos.
Começamos o mês cheios de fé, boas intenções e promessas, nessa espécie de
segunda chance.
Jano (em latim Janus) foi um deus
romano que deu origem ao nome do mês de janeiro. A figura de Jano é associada a
portas (entrada e saída), bem como transições. A sua face dupla também
simboliza o passado e o futuro. É o deus dos inícios, das decisões e escolhas.
O maior monumento em sua glória se encontra em Roma. Jano foi o responsável
pela idade de ouro da cidade italiana Lácio, trazendo dinheiro e agricultura à
região. O seu nome também evoca trocas e
colheitas.
Assim, talvez janeiro seja o mais significativo dos meses; ele
acolhe dois signos, Capricórnio (de 22
de dezembro até 20 de janeiro) e Aquário (de 21 de janeiro até 19 de
fevereiro). Todos conhecem um pouco de Astrologia. Conforme ela, o signo
corresponde ao período do mês que a pessoa nasceu e traz características
pessoais, como o agir em certas situações. Os capricornianos são mais orientados
para o trabalho, a disciplina e a persistência. O signo de Aquário simboliza pensamentos avançados, tendência para o
infinito, aceitação de vários pontos de vista, sabedoria universal inerente aos
pensamentos e às ações.
Como se vê, janeiro é um mês eufórico,
termo usado na Semiótica, significando tempo feliz, que traz alegria. Um mês
positivo, promissor, isto é, promitente, cheio de promessas, auspicioso,
próspero.
Ando com a bizarra tendência de
analisar e acreditar em fatos complexos, sem prova científica, possibilidades
inefáveis, até em superstições. A culpa é do meu signo. Os sagitarianos são
positivos, versáteis e o desconhecido os encanta. Mentes abertas, confiáveis, honestos, bons,
sinceros, cheios de idealismo. Muitas vezes fui chamada de crédula, até de
ingênua, por acreditar muito nas pessoas e no happy end dos filmes da vida.
Não sou um Cândido, personagem de
Voltaire (1759), nem tenho a Síndrome de Pollyana, pessoa exacerbadamente
otimista, que vê a vida por um prisma róseo e com ingenuidade; esta Síndrome
leva o nome da personagem de Eleanor H. Porter.
Voltemos ao mês de janeiro. No último
dia do ano, tem-se o hábito de, nas grandes cidades, jogar papel picado das
janelas dos altos edifícios. É uma metáfora interessante, espécie de mensagem: eliminemos
o supérfluo, as tristezas, os fracassos do ano anterior. É hora de recomeçar.
Penso que a vida é um espetáculo
teatral. Enquanto o Ano Velho que já teve seu papel principal na Grande Peça,
agora fraco e alquebrado se despede, cheio de frustrações, o Ano Novo, nas
coxias, símbolo de recomeço, espera, para iniciar seu reinado. O script da Peça
é sempre muito parecido, mas é preciso sonhar, mola mestra da existência. A
pergunta angustiante: quem é o Autor da Peça? Não seria o texto um happening, procedimento teatral em que os atores vão
criando seu papel sem trama pré-determinada? E qual é o papel do Diabo, quando
se pressupõe, pretensamente, que o Diretor é Deus? Algo muito importante é a
sonoplastia, a música que embeleza a Peça. Seu título: Esperança.
No dia primeiro de janeiro, tudo
recomeça. Há algo belo que se vê nessa Porta de Entrada do Ano Novo. Na Divina
Comédia de Dante Alighieri, na entrada do Inferno há uma mensagem lúgubre. Parafraseando o aviso, às avessas, no pórtico
do novo Ano está gravado: “Mantende sempre a esperança, vós que entrais”.
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