domingo, 5 de janeiro de 2014

JANEIRO

JANEIRO

Os meses do ano têm características próprias bem definidas. Janeiro é sinônimo de recomeço, esperança da concretização dos sonhos falidos. Começamos o mês cheios de fé, boas intenções e promessas, nessa espécie de segunda chance.
          Jano (em latim Janus) foi um deus romano que deu origem ao nome do mês de janeiro. A figura de Jano é associada a portas (entrada e saída), bem como transições. A sua face dupla também simboliza o passado e o futuro. É o deus dos inícios, das decisões e escolhas. O maior monumento em sua glória se encontra em Roma. Jano foi o responsável pela idade de ouro da cidade italiana Lácio, trazendo dinheiro e agricultura à região. O seu nome também evoca  trocas e colheitas.
          Assim, talvez  janeiro seja o mais significativo dos meses; ele  acolhe dois signos, Capricórnio (de 22 de dezembro até 20 de janeiro) e Aquário (de 21 de janeiro até 19 de fevereiro). Todos conhecem um pouco de Astrologia. Conforme ela, o signo corresponde ao período do mês que a pessoa nasceu e traz características pessoais, como o agir em certas situações. Os capricornianos são mais orientados para o trabalho, a disciplina e a persistência. O signo de Aquário simboliza pensamentos avançados, tendência para o infinito, aceitação de vários pontos de vista, sabedoria universal inerente aos pensamentos e às ações.
          Como se vê, janeiro é um mês eufórico, termo usado na Semiótica, significando tempo feliz, que traz alegria. Um mês positivo, promissor, isto é, promitente, cheio de promessas, auspicioso, próspero.
          Ando com a bizarra tendência de analisar e acreditar em fatos complexos, sem prova científica, possibilidades inefáveis, até em superstições. A culpa é do meu signo. Os sagitarianos são positivos, versáteis e o desconhecido os encanta.  Mentes abertas, confiáveis, honestos, bons, sinceros, cheios de idealismo. Muitas vezes fui chamada de crédula, até de ingênua, por acreditar muito nas pessoas e no happy end dos filmes da vida.
          Não sou um Cândido, personagem de Voltaire (1759), nem tenho a Síndrome de Pollyana, pessoa exacerbadamente otimista, que vê a vida por um prisma róseo e com ingenuidade; esta Síndrome leva o nome da personagem de Eleanor H. Porter.
          Voltemos ao mês de janeiro. No último dia do ano, tem-se o hábito de, nas grandes cidades, jogar papel picado das janelas dos altos edifícios. É uma metáfora interessante, espécie de mensagem: eliminemos o supérfluo, as tristezas, os fracassos do ano anterior. É hora de recomeçar.
          Penso que a vida é um espetáculo teatral. Enquanto o Ano Velho que já teve seu papel principal na Grande Peça, agora fraco e alquebrado se despede, cheio de frustrações, o Ano Novo, nas coxias, símbolo de recomeço, espera, para iniciar seu reinado. O script da Peça é sempre muito parecido, mas é preciso sonhar, mola mestra da existência. A pergunta angustiante: quem é o Autor da Peça? Não seria o texto um happening,  procedimento teatral em que os atores vão criando seu papel sem trama pré-determinada? E qual é o papel do Diabo, quando se pressupõe, pretensamente, que o Diretor é Deus? Algo muito importante é a sonoplastia, a música que embeleza a Peça. Seu título: Esperança.
          No dia primeiro de janeiro, tudo recomeça. Há algo belo que se vê nessa Porta de Entrada do Ano Novo. Na Divina Comédia de Dante Alighieri, na entrada do Inferno há uma mensagem lúgubre.  Parafraseando o aviso, às avessas, no pórtico do novo Ano está gravado: “Mantende sempre a esperança, vós que entrais”.




                              

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