segunda-feira, 5 de setembro de 2011

RELENDO O GRANDE CLÁSSICO

RELENDO O GRANDE CLÁSSICO
No famoso Sermão da Sexagésima, Vieira ensina: “No pregador podem-se considerar cinco circunstâncias: a pessoa, a ciência, a matéria, o estilo, a voz. A pessoa que é, a ciência que tem, a matéria que trata, o estilo que segue, a voz com que fala”.  Pretensamente, o ensinamento era para os pregadores, mas, na realidade, é lição sábia para professores, advogados, intelectuais e pais.
Se alguém quer colher frutos, precisa ficar atento a estes itens. Integridade, sabedoria, conhecimento, estilo próprio e até voz forte e convincente. Afinal é ela que canaliza a mensagem, os ensinamentos. Após virá a lição maior, sem a qual jamais se obterá qualquer resultado; o exemplo. Palavras sem exemplo de vida são uma farsa, um sofisma. O que ensina é o espelho.
A vida comprova uma realidade inquestionável. Caráter, tenacidade, capacidade de vencer, nada se obtém sem muito exercício e aprendizagem. Se enquanto for jovem, não se exercitou na seriedade responsável, não aprendeu a lutar e conseguir suas próprias vitórias, não assumiu a guerra do dia-a-dia, provavelmente será um fracassado. A vida o vencerá sem golpe de misericórdia.
Vejamos um exemplo no contexto. O nascimento de um filho é sempre algo assustador. Ele chega com uma carga genética desconhecida e sem Manual de Instrução. Se ele nasce inoculado pela preguiça, a luta será inglória. Não é casual que a Igreja coloca a Preguiça como mãe de todos os vícios. O preguiçoso é presa lerda, fácil de ser abatida. Quando muitos chegam ao final da corrida, ele titubeia ainda no começo.
Utópico, mas notável, se pudéssemos encomendar os filhos, com bula: como funcionam, características, que males podem causar. Indicações e contra-indicações; precauções, posologia (para orientação e educação); reações adversas: eles causam, às vezes, estados graves de confusão mental, nos pais. Cuidado com pais sem autoridade, permissivos, exageradamente emocionais.
E os perigos não param por aí. A receita é boa, o Laboratório tem credibilidade e ótimas intenções. Por que desastres acontecem? Os medicamentos têm vontade própria. São eficientes apenas quando eles desejam a cura, querem que a terapêutica dê certo. Não acontecendo isto, podem se transformar em remédios letais, venenos que matam a união familiar, o ideal dos pais, os sonhos.
Há algo ainda assustador. A ausência, a desunião, o mau exemplo, a falta de pulso ou o amor em exagero, aquele que cega e tudo permite, também estragam a receita. O amor exagerado não constrói; ao contrário, destrói. E os pobres pais, inconscientemente, não são carrascos ou culpados, apenas vítimas crédulas e desatentas.
É quando Deus, vendo o resultado de sua obra, que deveria ser a Criação Maior, decepciona-se e se entristece. E com certeza, frustrado, infeliz, se fará a pergunta que todo pai e toda mãe se fazem, quando o filho é um parto da montanha: Onde foi que errei?

2 comentários:

  1. Querida Ely,
    Na vida existem "batalhas difíceis", o importante é "lutar", mas lutar com dignidade, caráter, muito trabalho, respeitando o adversário (o outro) procurando aprender e ensinar sempre, assumindo realmente essa "guerra diária" transfomando essa mesma guerra em paz, para uma vida de colheita farta com frutos doces e aromas agradáveis.
    Grande Beijo,
    Marli Sampaio.

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  2. Das letras às sílabas o caminho é curto; das sílabas às palavras o caminho é infinito.
    Todo especialista que fizer uso da palavra, tê-lo-á de fazê-lo da maneira mais sábia possível.
    A palavra tem força. Sua colocação deve ser cautelosa.
    Da explanação à prova cabal os exemplos devem ser convincentes.
    Nossa querida Ely deixou bem claro, na sua postagem, os elencados principais para sua tese, e um deles, sem menos importância, os pais. Aliás, são eles que conduzem os filhos aos primeiros socorros da cidadania.

    Aparecida

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