sábado, 3 de dezembro de 2011

MISTÉRIOS E DÚVIDAS

MISTÉRIOS E  DÚVIDAS
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Um poema francês diz que o mundo é um templo rodeado de grandes pilastras que guardam mistérios insondáveis. De vez em quando, sutilmente, algumas verdades são ciciadas, mas quase nunca ouvidas. Pergunto-me se fatos insólitos, estranhos, não seriam uma tentativa de nos elucidar a verdadeira realidade?
Lembranças bizarras e inexplicáveis às vezes incomodam, porque sempre voltam e não têm respostas. A amiga, intrigada, confidenciou-me: Quatro vezes encontrei um amigo ou amiga, que há muito não via. O primeiro, surpreendido por mim, em sua sala de trabalho, estava conturbado, estranho e explodiu, gritando que eu fechasse a porta e o deixasse só. A segunda, em um encontro casual, conversou longamente comigo, fazendo confissões íntimas e totalmente inesperadas. O terceiro, na rua, de repente, parou-me, olhou—me expressivamente com seus grandes olhos azuis, como se quisesse falar-me algo importante. Ao aproximar uma pessoa, ele se retraiu e seguiu seu caminho. E o último. Pediu-me que conversasse com ele, logo, sem muita demora. Eu não pude fazê-lo. Todos os quatro, após nosso encontro, morreram, no dia seguinte. E o mistério reinou para sempre.
E outros fatos que não se explicam? Eu dava aula em um Colégio, no terceiro andar. Âs dezoito horas, os alunos se foram e o funcionário, pensando que eu também já tinha descido, apagou todo o prédio. Antes que eu o chamasse para acender a luz, percebi, encantada, a luz forte pelo vitrô. De fora, a árvore alta, aos pés da qual, pouco tempo antes, durante um movimento de greve, Glaura, nossa colega, tivera uma síncope e morrera ali mesmo. As folhas da árvore farfalhavam agitadas, senti a impressão nítida muito forte, da presença de Glaura. Cheguei a dizer alto seu nome... Não tive medo. Pelo contrário, experimentei uma enorme alegria, como se fora escolhida para o breve contato.
 Recentemente, um amigo me contou que vivenciara uma experiência muito estranha. Ele trabalhara em um manicômio e uma noite, muito tarde, ao entrar no banheiro coletivo, todas as torneiras começaram a jorrar. Logo após, também os chuveiros abriram –se, despejando água com abundância. E ele, muito espiritualizado, sem medo, sorriu o disse alto: “Se querem brincar comigo, é bom parar!”. Ao mesmo tempo, fecharam-se as torneiras e os chuveiros. Ele me narrou isto, porque na véspera, ao adentrar no mesmo local, sentiu pequenos beliscões no braço direito. Disse-me que não se preocupou, porque se fosse no esquerdo, era mais perigoso... Não entendi a explicação e o mistério continuou para nós dois.
São tantas coisas inexplicáveis! O amigo medium, quando entrou pela primeira vez em meu apartamento. “Que delicioso perfume de rosas!”, ele exclamou. Eu, sempre meio cética, nada disse. Penso que tudo é mistério, as premonições, as telepatias. E as superstições? Não estarão alicerçadas em alguma verdade?
No fundo, até a fé. Os Livros Sagrados afirmam que é preciso crer sem comprovações. O pobre São Tomé foi repreendido, porque queria sentir algo palpável, comprovando a ressurreição do Mestre. Quantas vezes temos que acreditar, sem meter a mão nas chagas da vida? Por isso e muito mais, fico com Cervantes: Yo no creo en  brujas, pero que las hay, las hay”.
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