terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O POEMA DE JOSÉ MARTÍ

O POEMA DE JOSÉ MARTÍ
            José Martí (1853/1895) é um poeta cubano famoso. O Mártir da Independência recebeu o epíteto, pela sua vida ativa na política, as lutas e prisões, desde muito jovem. Sua ideologia alicerçada no marxismo e leninismo tem muitos adeptos até hoje, em Cuba.
Martí dedicou-se ao estudo do Direito, obtendo o doutorado em Leis, Filosofia e Letras da Universidade de Saragoça (Espanha), em 1874. Tornou-se um grande poeta e é citado como precursor do modernismo ibero-americano. Escreveu centenas de poemas, novelas, dramas, cartas e artigos de jornal. A letra da música Guantanamera, conhecida internacionalmente, foi retirada de um poema de José Martí. Sua obra completa tem 73 volumes e em 1958/9, foi construído o Memorial de José Martí, na Plaza de La Revolución, em Havana.
Pergunta-se talvez por que se resolveu falar sobre José Martí. Na realidade, gosto muito de um poema seu, que foi declamado em um filme sobre a Revolução Cubana. O texto, que eu conheci na época da Faculdade, sempre me encantou. Se o coloco aqui em espanhol é por três motivos: a beleza da língua, sua facilidade de compreensão e para dar um voto de confiança a um projeto muito importante__ a Lei nº 11.161, de 2005, já sancionada e aos poucos sendo implantada. Trata-se do ensino obrigatório do espanhol, nas escolas; é facultativo no Fundamental e obrigatório no Ensino Médio. O comentário do poema também poderá elucidar a compreensão da língua de Cervantes:
“Cultivo uma rosa blanca / en Junio como en Enero, / para el amigo sincero / que me da su mano franca. / Y para el cruel que me arranca / el corazón com que vivo,  / cardo ni ortiga cultivo: / cultivo uma rosa blanca”. O que me encanta no poema? O lirismo, a simplicidade, o ritmo, a metáfora principal.
Cultivar “uma rosa blanca”,  de junho como em  janeiro, é valorizar  o símbolo de beleza, da pureza e da bondade; para o “amigo sincero” é algo belo, mas cultivá-la também para o inimigo, para o mau, o cruel  que lhe arranca “el corazón”, centro da vida, é uma mensagem de paz muito expressiva, um antídoto contra o ódio, a vingança. Diz o poeta para quem quer matá-lo, em várias acepções, que ele não cultiva “cardos” (espinhos) nem “ortiga” (urtiga), planta que simboliza aridez, rudeza, veneno.
Sempre tive dificuldades com o sentimento terrível do ódio. Ele só pode lançar raízes por motivos muito graves. E o pior: ele é mais nefasto para quem odeia, do que para quem é odiado. Por isso é um bumerangue e fere mais a quem o cultua. É ridículo, mas já me aconteceu de achar que odiava alguém e esquecer. Passando pelo pretenso inimigo, eu o abracei, alegre e só depois me lembrei do ódio antigo. O tempo cura todas as feridas e cicatrizes. O ódio é uma chaga da alma. Ele também passa, desaparece, esfuma-se.
Impressiona-me quem é capaz de alimentar raivas e ódios por longos anos. É um vício do espírito, ou seria do coração? Todos deviam tentar o cultivo de uma rosa branca. José Martí, o poeta, tinha uma alma excelsa. Como filósofo, legou-nos pensamentos notáveis, como o que segue abaixo: “La libertad no muere jamás de las heridas que recibe. El puñal que la hiere lleva a sus venas nueva sangre” ( A liberdade não morre jamais das feridas que recebe. O punhal que a fere leva às suas veias novo sangue.”).
                       

4 comentários:

  1. A busca do uno e do todo encontra-se na tolerância compassiva.
    O amor é a solução para sanar os problemas existentes. E é tão fácil zerar esses números! Basta apenas amar!!! Basta apenas dispor de rosas brancas e cultivá-las no coração.
    É inerente ao ser humano quando especial. Ele não se arma, apenas distribui o que tem de melhor!

    Aparecida

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  2. Querida Aparecida,
    Se você acredita como o Poeta em cultivar rosas brancas, para os amigos e os inimigos, será sempre uma pessoa sensível, lirica e jamais robotizada, reificada.
    Deus a proteja e conserve assim.
    Abraços.
    Ely

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  3. Querer guardar um sentimento é querer segurar a água entre os dedos. Ela escorre, como tem que ser. Mas se trazemos nossas mãos em concha, abarcamos as experiências. Elas nunca são boas ou más. São apenas vivências. Vamos plantando assim nossas rosas brancas que são para nós mesmos. Somos únicos, somos todos. Nós somos o mundo.

    Nívea

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  4. Querida Nívea,
    Você é poesia viva. Cada comentário seu, um poema. O mundo é belo porque existem pessoas como você, com uma cosmovisão rica. Deus a abençoe e a faça cada vez mais Nívea, minha rosa branca.
    Abraços.
    Ely

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