domingo, 2 de outubro de 2011

O CATADOR DE PALAVRAS

O CATADOR DE PALAVRAS
Coração não tem cronômetro. Para mim, há muito pouco tempo, ANTÔNIO VENTURA era um adolescente sonhador, enamorado das palavras. Era poeta e ganhava todos os prêmios literários da cidade, no começo da década de 60. Contam que ele até fazia compras por conta do prêmio que viria e ele chegava sempre. O adolescente, meio nefelibata, que vivia cismando em cima dos livros de poetas consagrados, cresceu.
Sempre escrevendo, ganhou o Prêmio de Honra ao Mérito do Concurso de Contos, de âmbito nacional, promovido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Santa Catarina. Obteve o primeiro lugar em Conto e em Poesia, Prêmio Governador do Estado (São Paulo). Virou quase uma lenda e chegou a ser chamado de Rimbaud brasileiro. Trabalhou como jornalista e crítico de cinema e teatro na revista O Bondinho.
Em 1972, o jovem sonhador, de cabelos longos, foi para o Rio de Janeiro, começou a vender seus poemas, em folhas mimeografadas, dentro do Teatro Ipanema. E assim sobreviveu até junho de 1975. Todavia, a vida é ilógica e inesperada. O poeta amadureceu, casou-se, cursou Advocacia, fez-se juiz.
Tive sempre notícias suas, que fundara um Grupo, em Mococa, para estimular a poesia e que estava escrevendo um livro, espécie de autobiografia literária. Afinal, em 2011, veio à luz, O Catador de Palavras, da Topbooks Editora, do Rio de Janeiro. É um livro instigante e diferente, com poemas de 1970 até 2010, além de artigos, comentários e ilustrações.  Traz uma apresentação             de peso, do poeta Carlos Nejar, da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia.
Seus poemas mostram a loucura e a ousadia da juventude, retratam sua formação literária, influências e a obra é um verdadeiro documento dos contatos de Antônio Ventura com Clarice Lispector e outros escritores famosos. Grandes nomes atuais reconhecem o talento do nosso poeta: Álvaro Alves de Faria, Mário Chamie, Saulo Ramos e Menalton Braff. O artigo de Antônio Carlos Secchin, com o título de            "Em nome da Beleza”, fecha o livro e elogia a poesia de Antônio Ventura.
Em O Catador de Palavras há poemas exemplares pelo lirismo universal, as belas alusões, como “Equus” (pág. 165), os nove primeiros poemas de “A Máquina do Tempo”, os quarenta e quatro minipoemas (das páginas 207 a 218), “Quatro Faces” (pág.239). O livro traz temáticas filosóficas, profundas, de um lirismo belo. Enfatize-se a beleza dos poemas reunidos sob o subtítulo PASTOR de NUVENS. Em “Oito Dias”, páginas 268/269, AV usa, no final, o procedimento literário dos poetas modernistas.
Impossível, em uma abordagem pela rama, fazer uma análise de O Catador de Palavras. O livro, em uma edição bem cuidada e de extremo bom gosto, ilustrado, contendo artigos jornalísticos de épocas variadas,  sobre Antônio Ventura, sua obra e sua Poética,  vai ser lançado agora, dia quatro de outubro, na Paraler, a partir das 19h30. Vale a pena conferir.

2 comentários:

  1. Realmente, o coração além de não ter cronômetro é amorfo. É cosmopolita. É capaz de habituar-se nos mais longínquos lugares, adaptando-se aos mais variados costumes.

    Como num passe de mágica, os dias transpõem-se numa velocidade-luz. E é neste trajeto que o homem, buscador dos seus sonhos, concretiza seus objetivos através do comprometimento e perseverança.

    Como disse Ely, conheceu Antônio Ventura ainda jovem. À época já demonstrava fascinação pelos versos.

    O poeta é um cuidador, um ourives, um artesão, um profeta! Além do mais é um peregrinador. Aposta e crê na sua inclinação. Não esmorece diante de algumas dificuldades.

    A palavra é a segunda pele do homem. Torná-la prática é a arte de provocar interpretações, gerar definições, estimular sensações de deleite, de musicalidade, de quase um orgasmo coletivo.

    Aparecida

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  2. Querida,
    Agrada-me muito quando leio seus comentários. É como se cada postagem de textos meus estimulasse sua sensibilidade,que é imensa, riquíssima.
    Essas conversas através do meu Blog são, realmente,muito agradáveis e frutíferas.
    Volte sempre.
    Beijos.
    Ely

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